A Guarda da fronteira?

Mais uma caminhada iniciada na fronteira da Portela do Homem.
Mais um encontro confrangedor.
Uma cadelita, e pela qual nutro uma simpatia óbvia desde a primeira vez que a vi, apareceu ao fim de poucos minutos.
Vi-a pela primeira vez em finais de Novembro passado. Um sábado. Cedo pela manhã, estacionamos do lado Espanhol, que tem um parque e estacionamento assinalado – e porque a estrada do Gerês estava cortada e, simbolicamente, respeitamos a fita (simbólica), embora estivesse já rebentada(!) – da GNR, que interditava a fronteira.
Apareceu, gelada, tremendo, tímida e carente ao mesmo tempo. Aproximando-se, escorregando na neve que começava a gelar, carente de conforto e revelando uma desconfiança própria de quem já só pensa na sobrevivência, rondou-nos todo o tempo. Curiosa e esquiva a cada tentativa de aproximação, nunca se deixou tocar. Tinha coleira, facto que me incomodou ainda mais. Tinha dono e ninguém estava presente!
Estaria perdida? primeiro pensamento lógico.
Não.
De lógica não havia nada!
Estava (condenada a estar, digo eu, dada a quantidade de neve e gelo, à qual, manifestamente, demonstrava não estar habituada. Quem está, naquela sítio?) ali, simplesmente. Desapareceu em direcção ao edifício em obras(?), enquanto nos distraímos por breves instantes, começando a ladrar dentro das instalações.

Outras vezes que ali estacionei depois disso, voltei a sentir a sua presença.
Que fazia ali esta cadela? Quem tem a coragem de deixar “de guarda” uma cadela, não jovem, em auto gestão e isolada?

Hoje, ao chegar, a mesma recepção de sempre.

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Uma mistura de segurança, de saber bem com o que lida, com uma insegurança própria de quem está carente! Um animal acossado e refém do destino. Nem doméstico, nem selvagem, o que é pior, penso eu.
Um abandonado de longa data que se radicou?
Um…
Basta de suposições. Será que alguém sabe o que se passa com este animal, se tem ou não um dono, ou melhor, se alguém o trata. e se alguém o trata, se o trata de forma digna?

Isto porquê?

Quando, numa breve inspecção de curiosidade pura, às “ruínas” das instalações da ex- GF e Fronteiras, deparo-me para maior surpresa minha, com alguns sacos de ração para cão vazios e com ar de terem ali sido depostos para que o cão (cadela) se alimente. Depois, uma manta velha, também estendida com ar de ser a cama improvisada por caridade.
Tem dono?
Tornou-se residente e vive da generosidade, de alguns?
Alguém me ajuda a saber se a cadela precisa de ajuda? ou “ajudamos o dono” a perceber isso?

A Loita pola terra

«Vendo-os assim tão pertinho
A Galiza mail’o Minho
são como dois namorados
Que o rio traz separados
Quase desde o nascimento!
Deixal-os, pois, namorar,
Já que os paes para casar
Lhes não dão consentimento»

João Verde – poeta monçanense

«Si Dios os fixo de cote
Un pra outro e tenem dote
En terras emparexadas
Pol’a mesma auga regadas
Com ou sin consentimento
D’ os pais o tempo ha chegar
En que tenãm que pensar
En facer o casamento».

Amador Saavedra – poeta galego

Dois poemas que resumem aquilo que é por demais evidente quando se percorrem essas terras do Gerês e do Xurés.

Na sua essência são as mesmas gentes, os mesmos hábitos a mesma cultura…as mesmas lutas!

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10 Regras de Orientação

Les 10 commandements de l’orientation

Original de Anthony Nicolazzi

Adaptação do francês por JM

Perdeu o GPS, a bússola ficou em casa, o altímetro avariou…em resumo: está à rasca e na hora de testar os seus instintos de pombo-correio, ou então rever as técnicas clássicas de orientação. Dez dicas e conselhos para não perder o Norte.

perdido

1- Aprender a ler uma carta

carta

Especialidade eminentemente masculina – a acreditar nas más-línguas – a leitura de uma carta é um pressuposto indispensável a qualquer caminhada. Uma carta digna desse nome apresentará (entre outros) as curvas de nível, que permitem, com um pouco de prática, visualizar mentalmente a “forma” do terreno: depressões, elevações, as montanhas e os vales.

A leitura das curvas de nível deverá “falar”, permitindo definir um itinerário e um horário. Pratique nos locais bem conhecidos, até visualizar o terreno em 3 dimensões a partir da carta.

2- Estimar a velocidade de progressão

passos

Quatro quilómetros hora para caminheiros, 300 a 400 metros de desnível positivo por hora, 600 a 800 m na descida…A experiência leva-nos a estabelecer referências sobre o nosso ritmo e, portanto, a estimar mais facilmente o tempo do percurso. Na prática, se se perder a uma hora de marcha do último ponto conhecido, poderá então, para se situar, estabelecer um “círculo de incerteza” com um raio de 4 km. Entretenha-se um dia a contar os passos entre distâncias precisas e conhecidas (como, por exemplo, dois marcos quilométricos). Isto poderá ser extremamente útil no dia em que, no nevoeiro por exemplo, necessitemos de encontrar um refúgio ou local que se localize na carta a 700 m sudoeste.

3- Orientação pelas constelações

Guiar-se pelas as estrelas? Navegação bastante imprecisa, mas muito instintiva quando temos esse hábito. E de noite que outras referências podemos usar? Lembre-se: A norte, nas nossas latitudes, duas grandes constelações são visíveis: o Ursa Maior e a Cassiopeia. A Ursa Maior é facilmente identificável dada a sua configuração particular. As últimas duas estrelas (à direita) são utilizadas para encontrar a Estrela do Norte ou estrela Polar, que indica o norte. A Cassiopeia irá ajudá-lo a localizar Ursa Maior (por vezes pouco alta sobre o horizonte) e, assim, a regressar ao norte.

4- Construir uma bússola de emergência

bussola

Todo o caminheiro deverá ter no seu saco ou mochila, uma bússola. No entanto, seja qual for o motivo, (esquecimento, perda, falha de bateria para as electrónicas, partida…) poderá encontrar-se sem bússola. A maneira mais fácil e expedita de resolver esta situação é criar uma bússola de emergência. Com uma agulha (que deverá ter no saco de primeiros socorros J ) espetada numa folha seca, ou mesmo uma casca de árvore, e que flutue suavemente numa pequena poça de água. Lentamente orientar-se-á indicando o norte. Não é um sistema de grande precisão, mas poderá ajudar a sair de uma situação mais duvidosa!

5- Quatro elementos fundamentais – Mapa, Bússola, Altímetro e GPS

instrumentos

Com o advento dos GPSs, a bússola, o altímetro e, por vezes, a carta, ficam guardados no fundo do baú no sótão. Convém reter que 95% dos utilizadores não sabe funcionar com um GPS. Que facilmente nos esquecemos de trocar as pilhas. Que sem darmos conta, caiu do saco, etc. Nunca se fie num único instrumento. É arriscado, mesmo perigoso, contentar-se com um único instrumento. A carta é fundamental. Pesa pouco e pouco espaço ocupa. Leve sempre uma carta da zona consigo! Há altímetros com bússola incorporada. Um caminheiro “sério” usa sempre uma bússola de qualidade e um altímetro mecânico, por via das dúvidas.

6- Saber chegar a um ponto preciso com GPS

O GPS é um instrumento complexo e que exige pratica de utilização, para usar sem hesitações em situações de necessidade vital. A função principal: “GO TO” deverá ser bem conhecida e praticada com frequência. Comece por calcular as coordenadas do seu destino na carta. Para tal, localize as coordenadas referenciadas no bordo da carta e defina os valores do seu ponto de destino com a ajuda de um esquadro graduado. Introduza-as no GPS. Convêm ter lido e compreendido o manual de instruções, que normalmente fica dentro da caixa intocável. Uma vez o destino criado em coordenadas, use a função “GO TO” ou similar, de acordo com as marcas e fabricantes. Atenção que a rota traçada não evita falésias, grutas e obstáculos que possam surgir no trajecto marcado. Pelo contrário, mesmo contornando um obstáculo o GPS continuará a indicar a direcção correcta definida previamente.

7- Saiba encontrar referências intermédias

Quando nenhum ponto intermédio está disponível (árvore, pedra ou qualquer referência relevante), as referências intermédias poderão ser criadas usado um companheiro de viagem.

Na prática, envie um companheiro à frente, corrigindo o seu rumo (voz, gestos), de modo que é coincida com o azimute calculado. Uma vez no local, juntar-se-á a ele e repetirá a operação. Isto pode ser feito também no sentido inverso: Partimos à frente sozinhos até ao ponto desejado, baseados no nosso azimute (inverso) antes de fazer sinal de avançar para se juntarem a si. Com nevoeiro, caminhe atrás de um companheiro até ao limite da visibilidade, corrigindo-lhe a trajectória quando este se desvia da rota.

8- Mantenha-se no rumo

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Nas situações de navegação à Bússola, somos confrontados com as referências intermediárias. Uma vez definida a direcção na carta, e transportada para o terreno, definimos o ponto de destino, à distância (Um cume, por exemplo) que determinará a nossa direcção. Os pontos intermédios (uma árvore, uma rocha, etc) situados igualmente nesta direcção definida, permitirão conservar esse rumo mesmo que a referência final desapareça devido aos acidentes do terreno.

9- Improvisar um itinerário alternativo

Atrasos, percalços, mau tempo…Por vezes há que improvisar um itinerário de emergência, para chegar a um determinado ponto. Usaremos o princípio da simplificação do terreno com paragens: “seguir o estradão até ao rio, do rio até à ponte, da ponte até ao carro…”

Este não será o mais curto, mas certamente o mais fácil.

10- Saber tomar a direcção errada

O erro voluntário é uma técnica de navegação que consiste em fazer um desvio, para termos a certeza da nossa posição. No concreto: se tivermos que encontrar uma passagem num rio que fica a norte: Caminhando na direcção determinada na carta, e uma vez chegados ao rio, se não encontramos a tal passagem, não saberemos se esta fica mais para a direita ou mais para a esquerda. No entanto, se seguirmos um azimute dois ou três graus à esquerda da direcção pretendida, uma vez chegados ao rio, bastará caminhar para a direita para encontrar a passagem.

Entre cobras e lagartos

E assim, sem mais nem menos, lá fomos visitar as Minas das Sombras mais uma vez. O trajecto mais frequente. Saída da Ermida de N.ª Sr.ª do Xurés, iniciando pelo lado de baixo, isto é onde deverá terminar o trilho “oficial” marcado pelos serviços  do Parque Natural Baixa-Limia, pois pensava eu que tinha uma boa justificação para tal. O motivo estava fisgado.  Com duas semanas a estagiar em banho maria, à espera de um dia e uma hora…   com uma luz mais adequada do que a que tinha  tido até aí…E aí está a oportunidade.

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Céu limpo e um Sol brilhante! Cedo, e ainda com uma luz rasante capaz de definir melhor as formas e o relevo! e num detalhe mais próximo,

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O recorte da cobra é perfeito!

Do muito(?) que tenho procurado sobre este motivo esculpido nesta rocha,  pouco ou nada sei até agora.  Continuo a procurar informação. Veremos…Até agora, as pessoas com quem falei – residentes locais e proximidades –  sabem pouco (ou preferem mostrar desconhecimento(?)) e ignoram tal facto quando questionados directamente. Pensava eu que seria muito conhecida, com uma(s?) qualquer lenda associada, e por aí adiante. Qual quê! Nada.

E a partir daqui tudo é mais ou menos igual a tantas idas até às minas. Nas zonas mais desprotegidas da encosta, um vento frio soprava forte, mas o dia estava bom muito para caminhar. E estava tão bom que fomos ver o Altar de Cabrões mais de perto. Baralhado entre uma possível nuvem avizinhando chuva,  que  necessariamente reformularia os planos, e a constatação de mais uma (possível) queimada lá para sul – ou sudoeste dos Carris, foram 10 minutos de pensamentos contraditórios. Era fumo decididamente! estas queimadas…enfim!Queimada?  Queimada, queimada é a galega. Só pega fogo na garganta dos temerosos  que se atrevem a bebê-la, com a vantagem de não se propagar.

Ficam as fotos nesta galeria do blogue.

No fim, e com chave d’ouro, um agradável encontro  num sítio agradabilíssimo e com amigos ainda mais agradáveis do que tudo isso.

A chegada a casa fez-se dentro da normalidade de Terça -feira de Carnaval. A foto diz tudo! É do INEM!!!hpim6150