Bordejando por Carris

Esta abordagem de Carris foi diferente. Foi feita desde Lamalonga até ao imponente edifício da lavaria nova, mas seguindo exactamente pela linha de água e não pelo trilho habitual. A cada passo e a cada pulo por entre as pedras, fui tentado contar a mim próprio a história contida em cada metro cúbico daquele espaço. Tentei ser tão prudente na progressão, como na sua interpretação. As pedras furadas, semi-laboradas, as usadas e desperdiçadas, numa disposição caótica organizada pela torrente que outrora foi fulcro daquela exploração mineira, faziam-me recordar o esforço hercúleo daqueles que ali padeceram os seus dias na era do ouro negro. Tentei vestir a pele daquela gente… e senti-me mais denso que o volfrâmio e mais maleável que o molibdénio. A limitação de meios, a severidade do local nos seus múltiplos aspectos, o isolamento, a organização politica e administrativa da nação – OPAN  dos malfadados tempos – em prole da ruína, continuam ali a fazer jus à memória dos tempos. A memória indelével da Natureza que se recompõe de todos os traumas porque os considera insignificantes de tão grandiosa que é. Foi isso que mais me espantou! percebi durante aquela subida que o conceito de harmonia e caos são exactamente o mesmo e só dependem do tempo. Continuei a subir. Cada vez mais próximo da tecnologia e do processo industrial expresso naquela construção labiríntica da lavaria, fui encontrando os mais diversos vestígios dessa grandiosa empreitada do Homem e ao mesmo tempo reflectido na sua insignificância…certamente essa é uma das fantasias de Carris.

 

Lamalonga – que serenidade

17 Novembro

Fomos caminhar – não muito devagar, diga-se em abono da verdade – por sítios já conhecidos mas bordejados de outra perspectiva. Se tentar resumir muito, digo apenas que fomos dar corda às botas famintas, pô-las a pastar nos prados de Lamalonga, respirar aquela paz, encher a alma de tranquilidade como um sôfrego enche o estômago. O frio deu-lhe um toque requintado que combinava na perfeição com a muita água que volta a correr no Gerês. Tivemos tempo para tudo, não obstante ali pelas bandas do Teixo, o desafio final ter sido adiado! Olhámos um para o outro e contemplámos a encosta defronte. Tínhamos escarrapachado no olhar a ideia que nos assaltava o pensamento imaginando a magia de finalizar a jornada naquele fantástico trilho Olhámos os relógios! Ouvimos os anjinhos todos. Os bons e os maus! Rimo-nos das ideias maquiavélicas que nos ocorrem quando caminhamos assim descomprometidos de tudo – excepto da segurança, obviamente!. Os dias estão curtos, já tínhamos dose que chegasse (às vezes parece-me que nunca chega) e solas gastas, para ter juízo  🙄

S. Martinho

Desde Olelas… até Ribeiro de Baixo, servido como aperitivo! O pretexto era genuíno e de acordo com a tradição do S. Martinho…… magusto! …e prova o vinho…sem matar o porco, que não tem culpa nenhuma!!!

Ok! Castanhas…quentes e boas, comem-se em qualquer altura. É certo! mas com um acepipe destes (digo, passeio), até as castanhas sabem melhor…

Alto de Santa Eufémia PNBL-SX

Passeando à chuva, pelo que resta do ardido PNBL-SX, hoje fomos até ao Alto da Serra de Santa Eufémia. Embora as previsões meteorológicas apontassem para chuva no período da tarde, decidimos arriscar pedindo ao S.Pedro que atrasasse a coisa o mais possível….mas a coisa veio lá pelo meio-dia. Ainda conseguimos arregalar as vistinhas desde o alto. A Louriça não chegou a aparecer…na direcção do Soajo, da Peneda e Castro Laboreiro, as nuvens teimavam em baixar, e a cumeada da fronteira despareceu, dizendo adeus engolida pela nuvens juntamente com a Corga da Fecha, que já se mostra imponente. A subida foi feita pela Porteliña, O Bidueiro, passando depois junto aos Picos de Cabril, percorrendo um primitivo trilho sinalizado pelo Parque . A descida foi feita pelo estradão até ao Curral de Mirmande – onde começou a chover pesado – continuando depois até ao ponto de confluência com o Trilho de Padendro, em direcção à Chã de Ventoselo.