Lindoso – o início do fim

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Foi um dia decisivo no processo de luta dos “afectados”, essa quarta-feira, 16 de Outubro de 1991.

A impugnação da Mesa das actas prévias, devido à ausência dos representante da EDP e do Ayuntamiento, vem ajudar a atrasar o processo, na altura em que a EDP começava a anunciar o encerramento das comportas. Foi o motivo encontrado. Desta forma pretendiam reiniciar as negociações, interrompidas desde a semana anterior, no sentido de conseguirem melhores preços e evitarem a expropriação.

“A Voz da Galicia”, no dia seguinte noticiava a intenção consumada da EDP em cumprir prazos.


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Lindoso – outras formas de luta

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Continuando a apresentar algumas das notícias publicadas na imprensa Galega durante o controverso processo de expropriação de terras e o encerramento das comportas da barragem do Lindoso, reporto-me aos factos de 21 de Outubro de 1991. La Region de 22Out91, dá-nos conta do início de uma greve de fome por tempo indeterminado. Enquanto um grupo de populares tentava atrasar, ou impedir mesmo, a constituição da mesa de levantamento das actas prévias, um outro grupo de afectados fechava-se na igreja e iniciava uma greve de fome.

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Lindoso – A Terra e a Gente

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Esta pequena entrevista captada quando equipas da TVGalicia em finais de 1991 visitavam a região , mostra-nos um outro aspecto – não menos confrangedor que a perca das terras – mostra-nos a tristeza e a dor pela perda da identidade enquanto memória colectiva de um povo. De todo este drama que foi a perda irreversível das suas terras e das suas Memórias , sobressai também um sentimento de impotência e consequente sacrifício, . Estas declarações de sabedoria, de quem já tinha emigrado no início do século, vivido duas Guerras Mundiais e assistido à chegada do Homem à Lua, deixam-nos confrontados com a verdadeira dureza daqueles momentos.

Atentem nas palavras finais.  As palavras de alguém que correu mundo e voltou à sua terra, contrastadas num rosto de sofrimento e impotência. A preocupação com a continuidade, com  o legado à geração vindoura, são traduzidos no mesmo rosto, que não olha de frente…esgaravatando com o cajado no chão, calando as suas mágoas!

 

Lindoso – Cuando cantan las sirenas

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Cuando cantan las sirenas en la Baixa Limia

Todo parecía indicar que había llegado la solución dialogada. Pero como en otras ocasiones, resultó ser un canto de sirenas. Tras la jornada del jueves en Entrimo y la propuesta de 20 millones de depósito previo, las siguientes negociaciones tenían visos de continuar entorno a una mesa. Pero no fue así. Los vecinos, cansados de años de negociaciones que no llegaban a ningún sitio, de palabras que llevaba el viento y de promesas sin cumplir, optaran – otra vez – por las presiones de fuerza.

En esta ocasión, y tras la amarga experiencia del miércoles,  se intentó evitar un choque con los antidisturbios. Pese a esta postura, la presencia de los efectivos de la Guarda Civil no era de todo rechazada por algunos sectores, que veían en ello una nueva oportunidad de saltar a la actualidad.

Un deseo comprensible si se tiene en cuenta que siempre que se hable de Lindoso, y las protestas vecinales, habrá mayores posibilidades de “arrancar” unas indemnizaciones más justas. Pero por otro lado, una postura que podría haber tenido como consecuencia – cuando las cosas están que arden cualquiera chispa es suficiente – que se volviesen a repetir las escenas del miércoles. Al final no paso nada. El órdago a la grande no fue el recogido y los antidisturbios miraron de lejos, mientras los vecinos observaban de cerca.

Ahora están encerrados. La noticia es huelga de hambre hasta conseguir una negociación justa y la paralización del proceso de expropiación. Es como la ultima tentativa para conseguir sus objetivos y para que las aguas de Lindoso no callen la voz de unos vecinos que ya exclaman, indignados, que “España nos vendió  a Portugal hace tiempo”. Y mientras siguen las reuniones a contra reloj, cuando estas tendían que haberse celebrado hace tiempo. Toda una guerra de nervios que ha puesto al rojo vivo una comarca que nunca estuvo favorecida por las administraciones. Quizás porque quede demasiado lejos para los coches oficiales.

La Region, edição de 22 Outubro 1991

Lindoso – finalmente começavam os acordos

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laregion31out91É durante o mês de Outubro que se travam as maiores batalhas entre afectados e EDP. Como vimos, depois de tentativas de boicotar a realização dos actos que dariam por consumadas as expropriações, depois das cargas policiais, depois da greve de fome iniciada em Lobios, os ânimos começam a serenar.

No dia 31 de Outubro de 1991, recorrendo mais uma vez  à imprensa local, vemos que foi depois de nove dias de greve de fome e fechados na Casa Consistorial que, à 1:20 da tarde do dia 30,  as cerca de 40 pessoas abandonam as instalações municipais e declaram o fim da greve de fome, após a recepção de um fax assinado pelo delegado da EDP em Espanha, Silvio Gonzalez, onde é aceite a comissão de arbitragem proposta para levar a cabo as negociações das terras ainda pendentes.

Neste momento, convencidos de que os trabalhos não parariam, vendo a aproximação do Inverno e do tempo das chuvas, receando o alagamento eminente, o mais importante agora era conseguir o melhor preço possível pelas terras.

No mesmo acordo, a comissão de afectados, pela voz do seu advogado, exige  da EDP um aviso prévio de 3 meses antes do encerramento das comportas. Expressam ainda pela primeira vez, aceitar  o translado da Igreja de Aceredo, permitindo que as pedras comecem a ser numeradas para o efeito.

A igreja, bem como uma ponte, vão estar no cerne da discussão. Lembramos aqui que a Igreja de Aceredo seria transladada pela segunda vez!!! Também foi “moeda de troca” durante o desenrolar dos acontecimentos, como veremos em próximas entradas.

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Entre choros e abraços, entre a entoação de uma canção composta durante o período de ocupação e muita emoção , acabou por se realizar um jantar com cerca de 90 pessoas, onde era de salientar a presença do Alcaide e demais membros do município.


Lindoso – A Igreja como arma

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Depois de as partes terem concordado na nomeação de uma comissão de negociações que regularia as expropriações restantes, as coisas pareciam encaminhadas para um fim, não diria feliz, mas pelo menos, o mais feliz possivel; Isto é: “perdido, mas bem pago!”. Pois era um perfeito engano pensar assim.laregiao13nov91_a Por um lado, a EDP queria acelerar o processo e não perder mais tempo. Por outro, a população sabia que poderia vir a tirar partido deste braço de ferro que travavam contra o gigante. Todas as armas eram válidas neste esgrimir desleal.  É sobretudo o traslado da Igreja que alimenta este impasse. EDP e “vecinos” acusam-se mutuamente de incumprimento do acordo establecido. Recorde-se que foi este acordo que pôs fim à ocupação da Casa Consistorial. O Tempo e o  Dinheiro eram os protagonistas principais…

 

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