Divagar…Devagar

18 Outubro 2011, Lobios

Dormi pouco…mas bem. Talvez um bocadinho mais depressa que o normal, por não dispor de muito tempo…Um desafio de última hora prometia mais um dia de PNPG, que começaria cedo.De casa a Ponte de Lima – P. Barca – Lindoso, entre um misto de névoa matinal e fumo, tentei perceber se os 10ºC do termómetro do carro eram uma alucinação pelo facto de ter dormido a correr, ou seriam a confirmação do acentuado arrefecimento nocturno AAN, que se vai fazendo notar. A névoa cinza dissipava-se… e a névoa negra azul fumo acentuava-se com o nascer do dia. Passada a fronteira da Madalena, juntou-se-lhe o cheiro…aquele cheiro…que não queremos sentir…mas sentimos!

Paragem obrigatória no Cubano em Lobios…. e de imediato se confirma a suspeita. Embora seja informação de “bar e gasolineira”, todos referiam as últimas novidades: “Ardeu tudo!” ” salvaram os Pueblos e os vecinos“……..ardeu durante 4 dias!……… entre o “vindo de cá” (o fogo)…”.vindo de lá”…”indo para cá”….”indo para…para lá”; sem querer saber porquê e de quem era a culpa (Os comentários no bar enquanto decorriam as notícias na Tv Galicia, pareciam um clássico Barça/Real ao vivo e em directo….quem conhece o ambiente sabe da “coisa” indescritível e surrealista de que falo!!! 🙂 )

Só queria saber “onde ardeu” e o “quanto ardeu”, ou seja, a severidade do fogo!

Não podia ter piores notícias. O meu “fascínio” pelo Gerês/Xurés já leva uns anos. Poucos ou muitos, são o resultado de opções que fiz. Por condicionalismos vários e opções pessoais, tenho investido mais tempo no Xurés que no Gerês. É óbvio, e o óbvio não se argumenta! Fiz amizades com as pessoas e com os sítios. Criei laços! qual “princepezinho”! Um “quintal” onde já passei um bom par de horas…e que tinha ardido durante 4 dias….Veio de Lá…Foi para Lá… Que me interessa? Estou triste! Isto (já) não devia acontecer, argumentem o que queiram, culpem quem queiram culpar, as consequências são para todos.

Para o Homem, a Fauna e a Flora, protegidas por homenzinhos/animaizinhos que defendem as plantinhas e o tacho… A Natureza ri-se! “como não tem Tempo, não tem pressa”… e nós à espera!

 

Como as malaguetas

18 de Outubro, Leonte

Pequenas mas concentradas, como as malaguetas quando são boas e não estamos à espera delas, são estas incursões, por trilhos apagados mas indeléveis e cheios de conteúdo, que tornam uma caminhada informal em momentos fantásticos e únicos.

Picam que se farta. Foram traçados pela “necessidade”, pela vontade e pela vida de gerações. Gerações que de legado cultural, têm cada vez menos. Sem lamentos. São factos Globais! 🙂

Começámos na Portela de Leonte e passeámos devagar… até à Varziela, vendo, ouvindo e sentindo um Outono que se avizinha mas teima em tardar, tentando prosseguir na interpretação autêntica destas paragens e destas Gentes. Fomos conversando e depois…chegámos… Ao carro! Às conclusões? chegaremos?

Que bem sabem estes trilhos!

Pois…as fotos! onde ia eu?

 

Subindo à Louriça desde Vilarinho da Furna

Há caminhadas, e caminhadas…De Vilarinho da Furna até à Louriça

Hoje foi uma daquelas caminhadas que ficam gravadas a ferro e fogo. Há muito muito tempo que não visitava Vilarinho da Furna…e nunca tinha abordado a Louriça por este lado. A caminhada em si, nada tem de especial! Ascendente, distância, terreno, e continuando tecnicamente, por aí fora com todos os parâmetros, nada de transcendente comparado com as “passeatas” que vamos fazendo por esses montes. O toque especial desta caminhada foi o conteúdo. Não sei porquê! Primeiro porque começou em Vilarinho, a aldeia sacrificada ao progresso, remetendo-nos necessariamente para reflexões e análises tão simples e, ao mesmo tempo, tão complexas como as gentes e a cultura que lhe estavam/estão associadas. Depois porque cruzamos com 3 pessoas que “peregrinavam” a S. Bento. E o que tem isto de espanto? Nada. Pelo menos contado assim! O espanto está em pequenos detalhes. Mas por que raio fui eu olhar para os pés daquela senhora! Descia sem calçado, tendo nos pés apenas umas meias…dessas meias grossas vulgares! E como se não bastasse, depois de chegados às Peijoqueiras, inconscientemente 🙂 escorvou-se o potencial explosivo que carrego quase sempre que caminho com o Rui. Nós os dois sozinhos e com os pensamentos maquiavélicos que frequentemente se apoderam das pernas, não era caminhada se não metessemos uma complicação qualquer…e se um diz mata, ou outro, já nem diz nada! Esfola-se e já não se diz mais nada. O Rui até é vegetariano!!! 🙂

Foi um dia bem passado! Subir até às Peijoqueiras, é como pisar chão sagrado. Cada detalhe, cada pedra do caminho, remete-nos para Artes, Ofícios, Mestrias, Culturas e Vivências extraordinárias e únicas. As pedras falam…só precisamos de aprender a lê-las!

Obrigado Rui….mas ouve lá, aquela mariola, a tal, foste tu que fizeste, não foste?

Algumas fotos: