Lindoso – quanto vale uma terra?

Esta entrada é parte 2 de 27 na série Lindoso

Foram tempos difíceis para estas regiões. É curioso o uso do termo “afectados”, empregue frequentemente a partir daqui, pois foi  assim que passou a ser designada esta gente. Afectados por uma coisa que nunca poderiam vir a entender. Perder as suas terras e casas, os seus locais e suas memórias, o local onde nasceram e cresceram.

Foram tempos de negociação, umas vezes mais limpa e polida, outras mais baixa e até suja.Constituíram-se comissões arbitrais,  assinaram-se contractos, fizeram-se acordos.

 

 

Imagens: arquivo Francisco Baños©

 

O programa e calendarização da obra eram alongados ao sabor das negociações. A resistência aumentava de lado a lado. O descontentamento aumentava e acendiam-se os ânimos.

Por esta data a EDP informou as populações que, em Outubro iria entregar aos organismos competentes as “Actas previas de expropiacion forzosa”. Seriam um momento decisivo para que a luta se acentuasse até à entrega das actas. Sucederam-se os cortes de estrada, as cargas policiais e até uma greve de fome, fechados na Igreja de Aceredo, por tempo indeterminado.

 

A barragem de Lindoso – foi assim há 18 anos

Esta entrada é parte 1 de 27 na série Lindoso

 

Os trabalhos de ampliação da antiga Barragem do Lindoso tiveram início em 1982. Na edição de 17 de Janeiro de 1991 o jornal galego “La Region”, anunciava o alagamento de sete aldeias de Entrimo e Lobios.

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De facto as comportas viriam a ser fechadas, não em Agosto como se anunciava, mas sim em Janeiro de 1992.

Foram períodos de luta intensa dastas gentes pelas suas terras e haveres. Quer do lado Espanhol quer do lado Português, a EDP tentava descalçar a bota. Entrava-se na Dança das Expropriações.

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Na edição de 2 de Setembro de 1991 o mesmo jornal relata a primeira acção colectiva desta luta pela terra levada a cabo no dia anterior, Domingo, na fronteira da Madalena. Uma caixa na primeira página remete-nos para a página 10, onde se relata esta primeira acção.

 

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Foi há 18 anos!

 

Vandalismo

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Esta foto foi realizada no dia 8 de Agosto. Trata-se de uma vista parcial de um dos edificios (o mais baixo) da lavaria das Sombras. Na altura o que me chamou à atenção foi a colocação criteriosa e humorada,  de uma pá e de uma roda, sobre o muro de blocos. Até aqui tudo bem. Detive-me e fiz a foto.

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No dia 21 de Agosto, volto a passar no mesmo local e qual não é o meu espanto, vejo que a janela “entaipada” a tijolo foi destruida. Numa breve análise dos factos, facilmente se constatava que alguém teria utilizado alguns dos blocos para arremessar contra a dita janela. Diversão?

Fiquei triste ao ver mais uma cicatriz no que resta destes edifícios. Pensei que, se um dia alguém quiser, já não digo recuperar, mas pelo menos conservar o que resta, como testemunho vivo de uma época e da actividade ligada à exploração mineira do volfrâmio, será demasiado tarde e muito (ou tudo)  estará perdido.

Dir-me-ão que se trata de uma janela fechada a tijolo!!! Pois muito bem.

Trata-se de uma janela que foi fechada a tijolo e que testemunha um período de (não)utilização dos edifícios.

Trata-se de pequenas marcas e evidências que possibilitariam “fazer” a história verdadeira deste complexo mineiro,  e que, para lá das agressões e destruição que o simples abondono e acção dos elementos naturais vão produzindo, vão desaparecendo de forma acelarada.

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Dois dias depois voltei a passar no mesmo sítio. A destruição continuava. O estado actual é este. A mão do Homem,  que construiu, agora destroi…e as coisas perdem-se de forma irreversível.

Ao menos deixem-no cair sozinho.

A Fonte da Portela

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Foto realizada em 23 de Junho, cerca das 9 da manhã.

Vamos limpar o PNPG!!

O blogue Carris está a organizar uma actividade de limpeza do Parque Nacional da Peneda-Gerês nos dias 5 e 6 de Setembro. Esta limpeza será levada a cabo por grupos de voluntários que irão actuar em diferentes zonas do PNPG. Se quiseres participar, constituir um grupo de voluntários ou para qualquer informação, envia um email para limpar.o.pnpg.2009@gmail.com

Novo aspecto do blogue

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Vinham-se  acumulando os  problemas  na correcta visualização das páginas, motivo pelo qual fui forçado a alterar o seu design.  Ao mesmo tempo, tentarei acabar com as “postagens” de “spam”, que tanto trabalho dão a remover.

Espero terminar rápido (e bem!) os trabalhos. Até agora ainda só perdi alguns comentários em alguns posts que tentarei repor o mais rápido possível, pedindo desde já desculpas pelo sucedido, àqueles que os haviam publicado. 😳

Sombras – do alto e a céu aberto

Sábado 29Ago09. Tal como qualquer outra exploração mineira, também nas Minas das Sombras tiveram lugar as “explorações a céu aberto”. O afloramento à superfície de determinados filões, permitia este tipo de exploração. No entanto, nos trabalhos realizados alguns filões atingiram cotas negativas consideráveis. Hoje, misturados com escombros, grandes blocos jazem no tempo, revelando um trabalho impressionante e como que inacabado. A paisagem permite-nos panoramas magníficos. Seguindo um antigo trilho, aproveitou-se a oportunidade para uma “estudar” uma aproximação a Corvelle e verificar a possibilidade  futura de passagem até à Chã de Frielo, ou uma diferente abordagem à Nevosa. Descemos pelo mesmo trilho até ao edifício principal das minas. Recuperámos as mochilas e seguimos para a Amoreira.

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