Lindoso – A Igreja como arma

Esta entrada é parte 18 de 27 na série Lindoso

Depois de as partes terem concordado na nomeação de uma comissão de negociações que regularia as expropriações restantes, as coisas pareciam encaminhadas para um fim, não diria feliz, mas pelo menos, o mais feliz possivel; Isto é: “perdido, mas bem pago!”. Pois era um perfeito engano pensar assim.laregiao13nov91_a Por um lado, a EDP queria acelerar o processo e não perder mais tempo. Por outro, a população sabia que poderia vir a tirar partido deste braço de ferro que travavam contra o gigante. Todas as armas eram válidas neste esgrimir desleal.  É sobretudo o traslado da Igreja que alimenta este impasse. EDP e “vecinos” acusam-se mutuamente de incumprimento do acordo establecido. Recorde-se que foi este acordo que pôs fim à ocupação da Casa Consistorial. O Tempo e o  Dinheiro eram os protagonistas principais…

 

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Perdizes e perdigotos

Não sei se resultado de algum repovoamento levado a cabo por caçadores, mas  o que é certo é que tem aumentado o número de perdizes que tenho visto ultimamente. Desta vez caminharam à minha frente, escondendo-se curva após curva, seguindo ao longo do caminho. Movimentando-me lentamente, mas suficientemente rápido para as seguir, tive oportunidade de fazer algumas fotos. Descaradas estas perdizes curiosas, ou exaustas…!

 

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Lindoso – finalmente começavam os acordos

Esta entrada é parte 17 de 27 na série Lindoso

laregion31out91É durante o mês de Outubro que se travam as maiores batalhas entre afectados e EDP. Como vimos, depois de tentativas de boicotar a realização dos actos que dariam por consumadas as expropriações, depois das cargas policiais, depois da greve de fome iniciada em Lobios, os ânimos começam a serenar.

No dia 31 de Outubro de 1991, recorrendo mais uma vez  à imprensa local, vemos que foi depois de nove dias de greve de fome e fechados na Casa Consistorial que, à 1:20 da tarde do dia 30,  as cerca de 40 pessoas abandonam as instalações municipais e declaram o fim da greve de fome, após a recepção de um fax assinado pelo delegado da EDP em Espanha, Silvio Gonzalez, onde é aceite a comissão de arbitragem proposta para levar a cabo as negociações das terras ainda pendentes.

Neste momento, convencidos de que os trabalhos não parariam, vendo a aproximação do Inverno e do tempo das chuvas, receando o alagamento eminente, o mais importante agora era conseguir o melhor preço possível pelas terras.

No mesmo acordo, a comissão de afectados, pela voz do seu advogado, exige  da EDP um aviso prévio de 3 meses antes do encerramento das comportas. Expressam ainda pela primeira vez, aceitar  o translado da Igreja de Aceredo, permitindo que as pedras comecem a ser numeradas para o efeito.

A igreja, bem como uma ponte, vão estar no cerne da discussão. Lembramos aqui que a Igreja de Aceredo seria transladada pela segunda vez!!! Também foi “moeda de troca” durante o desenrolar dos acontecimentos, como veremos em próximas entradas.

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Entre choros e abraços, entre a entoação de uma canção composta durante o período de ocupação e muita emoção , acabou por se realizar um jantar com cerca de 90 pessoas, onde era de salientar a presença do Alcaide e demais membros do município.


Manutenção do Trilho das Sombras

Ao fazer mais uma vez este caminho, logo num dia em que a luz difusa banhava o vale transformando-o numa mancha verde à qual o Outono começa a emprestar uns tons ocre, o trilho ao longe parecia mais evidente que o costume. Ao chegar à ponte de Porta  Paredes compreendi porque se tornava tão evidente o trilho. Não era da luz. Está em manutenção. Realizam-se (realizaram-se?) trabalhos de limpeza da vegetação. Embora seja um trilho relativamente frequentado, as condições climatéricas do último ano especialmente, favoreceram o crescimento da vegetação. Mesmo depois de um Inverno frio, com bastante neve e que se fez presente até Abril, a vegetação começava a estrangular algumas zonas do trilho. Em algumas fotos pode ver-se a marcação do carreiro antigo e a diferença após o corte da vegetação.

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Honrar os compromissos

Domingo, 4 de Setembro de 2009.

Não foi de todo inocente esta ida às Sombras, confesso.

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Quando lá passei no dia 20 de Setembro,o trilho apresentava marcas recentes e muito evidentes da passagem de bicicletas, e vi, ao longo do trilho entre a Ponte de Porta Paredes e o estradão, 5 ou 6 fitas de plástico vermelho com a inscrição “geapro”em letras garrafais e, com menor destaque, as siglas “uvp” e “fpc” sob o logótipo de um ciclista.

Era a primeira vez que via este trilho marcado desta forma. Embora a minha ignorância não me permitisse decifrar a origem concreta de tais fitas, de imediato intui tratar-se de uma qualquer prova de BTT ou passeio ciclista organizado, que teria passado por ali recentemente. Tudo me parecia normal, inclusive o facto das fitas ainda ali estarem. Normal nestas coisas. Estamos habituados a encontrar fitas e fitinhas de plástico que serviram para a realização de determinadas provas e depois não são removidas. Infelizmente estamos habituados. Tudo me parecia normal. À medida que ia caminhando, fui pensando com os meus botões, em recolher as fitas no regresso. Isto era o “anjinho mau” a funcionar na minha cabeça. Ao mesmo tempo, o “anjinho bom” dizia-me que poderia ser uma prova a realizar, e não uma prova já realizada! “Olha que as fitas ainda fazem falta”, sussurrava-me na consciência o “anjinho bom”. “ in dubiu pró réo” e… andando. Regressei deixando as fitas tal como estavam.

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Googlando um pouco, facilmente fiquei a saber que no dia 7 de Setembro se tinha organizado uma prova BTT, promovida pela GEAPRO. Batia certo. Procurei o contacto da organização e, ao telefone, tentei inteirar-me de fonte segura, sobre o que se tinha passado, e sobretudo tentar esclarecer se as fitas eram ainda úteis ou não.

Do teor do telefonema, apenas refiro que, após alguns difíceis esclarecimentos, lá consegui perceber que tinha havido cuidado e preocupação na remoção da sinalização, mas que…eventualmente tinham ficado para trás. Sem querer ser mais Papista que o Papa, terminei pedindo autorização para retirar as fitas numa futura passagem naquela zona e, … Que sim! Fui compreendido e autorizado.

Pois bem. Hoje, aproveitando um dia em que o tempo fazia caretas e o S. Pedro hesitava em usar o regador, lá fui honrar os compromissos. DSCF1098

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Primeiro o passeio até ás Sombras, depois, recolher as fitas. Começámos tarde. Começámos às 11:00 horas. Nunca tinha iniciado o trilho das sombras depois das 9.30. A luz natural do dia enublado e ameaçador de chuva, conferiam ao vale uma luminosidade muito particular

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A primeira grande surpresa do dia foi, ao chegar à ponte de Porta Paredes, ver que o trilho está a ser limpo. Enhorabuena!

Bem estava a precisar, depois de um ano como este em que tudo cresceu desmesuradamente. Era ali, precisamente no fim do primeiro lance da subida, depois da ponte, que tinha visto a primeira fita no dia 20. Ao aproximar-me, ainda esperava com algum positivismo, que a fita já lá não estivesse. Puro engano, infelizmente.

Como regressaríamos pelo mesmo sítio, optámos por deixar as fitas e recolhê-las na volta. Como disse, o trilho está a ser limpo e, nos locais onde estavam penduradas as fitas, a vegetação foi cortada. Até ao estradão encontramos só mais uma fita. Presa a um ramo que tinha sido cortado e apartado para o lado! Redobramos a atenção no regresso, procurando entre a vegetação cortada alguma fita que eventualmente tenha escapado à nossa vista na primeira passagem.DSCF1132

Terminado o trilho, chegados ao estradão, descemos até à ponte. Tempo para um café antes do regresso. Estava bastante vento e era mais um teste para um dos meus fogareiros a álcool. Funcionou!

Pouco passava da 13:00 quando iniciámos a volta.

Recolhidas as duas fitas que restavam e passados a pente fino os outros locais onde tínhamos visto as fitas, não fossem estar entre a vegetação cortada, chegámos enxutos à Ermida onde tínhamos começado.

 

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Fique então descansado, Sr. organizador. Espero que acredite agora nas minhas intenções. Nunca passaram disto. Gosto de encontrar ciclistas por ali. A sério. Não me entenda mal. Gosto das iniciativas que aproximam as pessoas da Natureza. Louvo a atitude de pessoas e organizações que, como o Senhor, se empenham em proporcionar e promover a prática de actividades desportivas a atletas que só através desse Vosso esforço, podem usufruir de locais que, tem tanto de belo como de sensíveis! Só não gosto de lixo!

 

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