Andaina polo concello de Lobios

Para surpresa minha,  sexta-feira, chegado a Lobios, ao entrar no Cubano, chamam-me à atenção para este cartaz afixado na montra.

Sem conseguir obter mais informação relevante, ANIMEI-ME  (gosto do termo) e decidi participar em tal iniciativa.

Ontem Sábado, cerca das 11:00 os participantes concentravam-se na Portela do Homem (lado Galego) e, de forma muito informal, usando da palavra o Alcaide de Lobios, Xosé Lamela Bautista, explicou sumariamente os motivos desta caminhada, fazendo o enquadramento histórico do tramo da via romana XVIII, segundo o itinerário  de Antonino, e apelando a sua legitima utilização enquanto Caminho de Santiago, factor óbvio e evidente no desenvolvimento  (entenda-se aproveitamento) da região da Baixa-Limia.

Seguidamente procedeu-se à leitura do texto produzido no encontro realizado no passado dia 25 de Março entre diferentes alcaides e representantes de associações.

De imediato, após os compromissos com os órgãos de imprensa que cobriam o evento, deu-se início à caminhada. Descendendo um estreito carreiro, retoma-se o trilho da Geira, via XVIII, continuidade do mesmo trilho existente do lado português. O término da marcha foi em Rio Caldo, na praia fluvial bem junto às águas quentes.

Independentemente dos resultados que daqui advenham relativamente ao Camiño de San Rosendo e à sua inclusão nas rotas “Jacobeas”, esperemos que, pelo menos, aquilo que são verdadeiros atentados ao património natural, como é o caso daquilo que resta do não muito recente carro (vandalizado e lançado desde a estrada), jazente em pleno trilho,  assim como lixeiras em diferentes zonas do PNBL-SX, tenham soluções rápidas e adequadas.

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A Ermida de Nosa Señora do Xurés

Ali, bem por cima de Vilameá, – Lobios, ou Rio Caldo (?), depois de ziguezaguear uma  pitoresca estrada monte acima ou subir um misto de trilho e Calvário, no sentido literal, com diferentes Estações, chegamos a um dos (muitos) sítios mais  emblemáticos do Parque Natural da Baixa-Limia-Serra do Xures. – A Ermida de Nosa Señora do Xurés.

Pela sua localização, a sua situação e orientação, entre outras tantas coisas interessantes que as suas paredes revelam, podemos facilmente intuir que o local terá sido um local de referência ao longo dos tempos.

Um promontório virado a S.ta Eufémia, mesmo em frente! Uma Vigia/Defesa muito próxima e conveniente sobre Os Baños, ali em baixo – (estão ali as águas quentes e os balneários Romanos), na Geira! Uma visão até ao Lindoso! Enfim, certamente um local de muitos Mitos e muitos Cultos, das mais simples celebrações às mais elaboradas doutrinas, laicas e de pura sobrevivência, até às mais actuais missas assistidas por devotos fiéis, sabe-se lá de que Deuses. Que terá sido um daqueles “sítios” – no sentido de cerco – onde sempre ocorrem cultos, onde sempre houve os de dentro e os de fora, os de “Bem” e os de “Mal” se defrontaram enquanto forças míticas, não me parece senão mais do que óbvio. “Mudam-se os Tempos e Mudam-se as Vontades”…mas será sempre um “local”, que é um “sítio”! Que evoluiu ao longo dos tempos e das vontades, e continuará a evoluir, é inquestionável. ” O Mundo Pula e Avança”.

Também a actual edificação da Ermida de N.ª Sª do Xurés pulou e avançou relativamente àquilo que terá sido o local inicial de culto. Embora a minha curiosidade seja inversamente proporcional à vontade de partir para uma pesquisa mais séria, e sem querem especular sem qual quer fundamento documental, que neste momento não tenho vontade de pesquisar, não deixo de reflectir sobre o local. É um vício cuja dependência por vezes não controlo.  (daí ser um vício, e vício e prazer, vá lá o Diabo separá-los…). É, de facto, um prazer enorme, cada vez que chego ali. E são muitas vezes. Quer vá caminhar, ou simplesmente ver como está o Tempo, muitas vezes tenho estado naquele local. Sozinho ou acompanhado. De manhã cedo. Muito Cedo. Ao fim do dia. De noite. De Verão. De Inverno. Também na Primavera e no Verão. Com Sol e com chuva. Com vento desenfreado e a maior das calmas. Com neve! muita neve, coisa rara nos últimos tempos.

Desde a primeira vez que vi a serpente representada no grande penedo (vandalizado com um graffito que infelizmente subsiste e me agride a cada vez que ali passo. Está assinado de 2004! Já lá leva uns aninhos! mas o que é isso comparado com a Eternidade, dirá o autor… ) despertou em mim uma curiosidade imensa de querer saber algo sobre o local. Por um lado o “anjinho bom”. por outro lado, o “anjinho mau” a recordar-me os labores de uma pesquisa. Mas que o “sítio” é um fulcro de uma possível  interpretação que mereceria um estudo que desconheço, (embora, de forma ligeira, reconheço, tenha procurado, essencialmente “googlando”), lá isso é! Potencial não lhe falta.  Ainda hoje, tem dois cultos anuais (15 Agosto e 8 Setembro), pelo menos.

Mas a cera escorre das velas cumprindo promessas quase quotidianamente. A chama de um fogo/culto subsiste. Muito , mesmo muito antes dos velhos carvalhos imponentes pensarem em crescer, já aquelas pedras tinham muita(s) história(s)

Gostava um dia, vir a conhecer um pouco a história deste local.

Percorrendo um disco duro cada vez mais desorganizado e lento – ou lento e desorganizado – encontrei algumas fotos  dos últimos dois anos, para ajudar ao “discurso”, que vai longo!

As barragens e o negócio da água

ver notícia do DN aqui

Como é possível deixar para último a apreciação dos estudos de impacte ambiental?

Ah! Já sei. Porque no fim de contas, como de costume, é sempre o mesmo:  “Isto faz-se…. e mais nada!”. Independentemente do relatório, “isto é para fazer”….e pronto! porque eu quero!!! porque o governo definiu metas!  e não se pode ir contra essas metas! Porque alguns lucram com aquilo que é de todos. Porque já estão pre-adjudicados! (pois já…pudera!) e só falta ouvir (entenda-se, deixá-los falar) os parvos de sempre, os ambientalistas…

 

Depois disto tudo, reparem nas comparações “à Portuguêsa”: “ao contrário de outros países, Portugal está longe de atingir o limite do seu potencial hidroeléctrico, com este plano, ficando pelos 50%, quando há países que já chegaram aos 80%”

Temos sempre que nos comparar!!! Assim, sim! Importámos modelos, mesmo que os outros os tenham abandonado. Importamos a bestialidade dos outros e damos-lhe a dimensão portuguesa. Uma vergonha!

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Transcrição da notícia publicada no DN em 12NOV09:

Barragens avançam em 2010 apesar das críticas

por CARLA AGUIAR

As obras do plano nacional de barragens arrancam em 2010, estando apenas pendentes da apreciação final dos estudos de impacte ambiental. A reposta às críticas de relatório encomendado por Bruxelas segue em breve.

O plano nacional de barragens, que prevê a construção de oito albufeiras, a partir do próximo ano, vai manter-se, apesar de um relatório encomendado pela Comissão Europeia ter levantado duras críticas quanto à avaliação da sua necessidade e aos impactos negativos ao nível da qualidade da água. Em causa está um investimento directo de cerca de 2,6 mil milhões de euros, (se acrescentadas duas obras de aproveitamento), todo suportado por empresas privadas, e a criação de cerca de 20 mil postos de trabalho ao longo da próxima década.

A garantia da manutenção da linha de rumo foi dada ao DN pelo presidente do Instituto da Água (INAG), Orlando Borges, num momento em que os projectos já se encontram todos pré-adjudicados, estando apenas pendentes dos estudos de impacte ambiental, em fase final de apreciação pelo Ministério do Ambiente.

Qualquer recuo neste plano teria um efeito negativo na economia e na meta traçada pelo Governo de reduzir a dependência energética do exterior, aumentando a capacidade nacional de produção de energia eléctrica dos 5 mil MW em 2010 para os 7 mil em 2020.

 

E agora? Somos um País dos Sabichões! Dos Cifrões? ou dos Aldrabões?

Vejam só a argumentação: “Porque, sublinha, “não se pode questionar a necessidade das barragens”. E, por duas razões. Primeiro, “ao contrário de outros países, Portugal está longe de atingir o limite do seu potencial hidroeléctrico, com este plano, ficando pelos 50%, quando há países que já chegaram aos 80%”. Depois, acrescenta, “se as barragens não tivessem viabilidade económica não teriam aparecido empresas privadas a investir mais de 2 mil milhões de euros e a darem 623 milhões de contrapartidas ao Estado. Por outro lado, Orlando Borges diz que o plano cumpre a directiva da água, mesmo que todas as barragens tenham impacte negativo na qualidade da água.”

Alguém acredita que o parecer do Ministério do Ambiente possa vir a travar o plano nacional de barragens?


Civilização

Falas de civilização...

Falas de civilização, e de não dever ser,
Ou de não dever ser assim.
Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
Com as coisas humanas postas desta maneira,
Dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos.
Dizes que se fossem como tu queres, seriam melhor.
Escuto sem te ouvir.
Para que te quereria eu ouvir?
Ouvindo-te nada ficaria sabendo.
Se as coisas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
Se as coisas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.
Ai de ti e de todos que levam a vida
A querer inventar a máquina de fazer felicidade!

                                          Alberto Caeiro

img03margAo contrário do que seria de esperar, desta vez, caminhar ao longo da margem de um rio, proporcionou em mim sensações pouco agradáveis e de desconsolo. Tristes mesmo, diria, resumindo tudo a um grito contido e emudecido no subconsciente. O facto de estar sozinho, de ser um passeio sem tempo nem relógio, motivado pela curiosidade e aproveitando o baixo nível da água, fizeram desta inesperada passeata na albufeira do Lindoso, ali pelos lados do extinto lugar de Aceredo, um momento de reflexão.

No meio disto tudo, não me pude alhear da informação que tenho recolhido ultimamente sobre aquilo que foi o drama desta gente que viu em 1992, e de forma até hoje incompreendida pela maioria deles, as suas terras invadidas  pelas águas, em nome do progresso e do futuro. Também não me pude alhear do facto de estar num parque natural. De estar numa zona protegida, onde, nos últimos tempos, não tem sido fácil a convivência entre os diferentes intervenientes, gladiando-se com contradições e incompatibilidades mais ou menos razoáveis de lado a lado.  Sobretudo não me pude alhear de estar numa zona onde, a presença do Homem e a prática das suas actividades seculares, são postas em causa à luz da (falsa) sustentabilidade e do desenvolvimento.

No meio de um silêncio sepulcral e dos murmúrios da brisa quente e bafienta que soprava nos locais mais expostos, ouvia os meus passos escorregando no árido declive da margem. Percorrer aqueles caminhos por entre os muros que tantas histórias ouviram, que tanta sabedoria encerram, fez-me pensar. Pensei no tempo empregue e no saber aplicado de quem juntou pedra a pedra. Pensei no carinho e dedicação que foram pondo em cada muro.  Pensei nos materiais e nas técnicas. Pensei no conhecimento profundo que esta gente tinha dos terrenos e da evolução das linhas d’água.  Pensei nas gerações indómitas que ali passaram. Pensei nas alegrias e nas tristezas, nas horas boas e nas horas más que ali foram vividas…e fui-me perdendo em perguntas sem resposta, procurando uma qualquer lógica que não consigo encontrar.

 

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Recuperação do Forno Comunal – A Illa – Entrimo

A Illa é uma pequena e simpática aldeia do concelho de Entrimo, onde chegamos facilmente pela estrada que desce da Terrachán para Lantemil.

Tal como  em tantas outras aldeias Galegas e Portuguesas, a utilização do forno comunitário foi caindo em desuso até que deixou de ser utilizado. Coisas dos Tempos! Da maioria deles, conserva-se o local, algumas pedras e a memória, nada mais restando. Felizmente não foi isso que se passou na aldeia de A Illa.

Após obras de recuperação levadas a cabo com o apoio do PNBL-SX e do Ayuntamento,  inaugurou-se no Sábado passado o Forno Comunitário da Illa. Só a sensibilidade de alguns, aliada à capacidade empreendedora de outros e apoiada por todos, tornaram possível o dia de ontem. Uma Festa autêntica, e uma autêntica Festa!!!

Foi um privilégio e uma honra estarmos presentes. Em todos os sentidos. Primeiro, pelo modo como fomos recebidos e integrados, que desde já agradecemos.  Segundo, porque festas (autênticas) como estas já não há. Bem Hajam!

Ficam aqui algumas fotos de tão singular acontecimento.

 

participação total!!!

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A Escusalla


Há já algum tempo que este assunto me despertava a curiosidade. Cada vez que abordava o tema com quem quer que fosse, sobretudo com aqueles que já visitaram o local, ficava com uma nova história, uma nova explicação e nova argumentação sobre a escusalla.

Não sendo eu muito dado às coisas “misteriosas”, desde sempre pensei ser fácil fazer uma pesquisa e encontrar uma versão “credível” para tantas e tão diferentes versões daquilo que ouvia. Considerava, com precaução, que não passariam de meras expeculações.

Embora o assunto me interessasse bastante, verdade se diga que nunca lhe dediquei o tempo necessário para poder encontrar elementos fidedignos sobre esta “misteriosa” construção.

Em Junho passado lá surgiu, quase por acaso, a primeira visita à Escusalla.

Está localizada no lugar de Compostela, mais propriamente no início da estrada para Ludeiros. Actualmente a sua propriedade ainda é privada. No entanto, decorre um processo de aquisição por parte do PNBL-SX, tal como declarava D. José Reza, Director general de Conservación de la Naturaleza na Galiza e ex-director do Parque,  em Fevereiro passado no jornal “La Region” :

“Este año, Medio Ambiente pone en marcha la segunda fase de la aldea medioambiental de Salgueiros (Muíños) y se ha resuelto el expediente de la Casa da Escusalla (Lobios). ‘Ya es patrimonio del Estado en un 75% y estamos negociando con los herederos de la otra parte para recuperar un pazo precioso para el uso del parque y disfrute de todos’.”

Dados

Encontrei um texto de D. José Lamela Bautista, actual  Alcaide de Lovios, (passei a adoptar a escrita “Lovios” em detrimento de “Lobios” – depois explicarei porquê.), onde encontrei dados de interesse que nos dizem assim:

Es doloroso interrumpir toda esta apasionante serie de tradiciones y misterios seculares, para tener que echar mano del pragmatismo frío de los archivos y poner orden, fechas y datos a la Casa de la Escusalla. El rigor que exige la historia tiene estos inconvenientes. En todo caso, nos limitaremos a recurrir y cruzar los datos de dos fuentes documentales: el Libro de Visitas Pastorales a Manín del 10-9-1831 y el Real de Eclesiásticos del Catastro de Ensenada de Traspórtela del 22-8-1753
La Casa de la Escusalla, según estos documentos, se construyó a principios del siglo XIIX por el Abad de Manín, Don José Martínez y Parga; solo se explica el poder económico suficiente de un párroco para construir esta casa, al derecho secular que tenían los abades de Manín de los diezmos propios de su parroquia, disponer además de la mitad de los diezmos de la parroquia de Lobios; el Abad de Manín, pues, cobraba en tributos al año más de 6.500 reales, cuando la media de los ingresos de los demás vecinos rondaba los 350 reales anuales.
Sobre la Ermita que lleva adosada esta Casa, fundó el citado Abad una Capellanía Colativa (perteneciente al clero ordinario) titulada de San José, con el gravamen de una Misa cantada anualmente en la misma Ermita, otra misa con su Vigilia en el día del aniversario del Ilmo. Señor D. Fr. Juan Muñoz de la Cueva Obispo que fue de la Diócesis de Orense, y otra también con Vigilia en el aniversario del fundador D. José Martínez.
Los bienes asignados a esta Capellanía consistían, además de la casa principal por la que pagaba de alquiler al Obispo 15 reales, otra de 4 reales de alquiler en Compostela; la hacienda se componía de siete fincas de varias calidades y buenas dimensiones por las que pagaba de pensión tres reales. Tenía de ganado suyo propio dos bueyes, y en aparcería, una vaca con su cría y treinta novillos; además, tenía doce colmenas. En el año 1.753 esta Capellanía la llevaba el Canónigo D. Juan Antonio Martínez, Teniente y Cura.
La poseía en el año de 1.787 D. Pedro Fiollega Abad de Cabreloáis, y desde el fallecimiento de este “no hay noticia de otro Capellán, ni menos aparece noticia del original de esta fundación”; los bienes de esta Capellanía, en el año 1.831, los tenía o los administraba Manuel José Araujo, de nacionalidad portuguesa, y habitaba la casa; cumplía con algunas cargas, aunque se apreciaba la decadencia y el desorden de esta Capellanía, como reconoce el propio Visitador Pastoral en 1.831, que le recordaba al administrador Sr. Araujo que “deberá hacer constar las cargas con cuales ha cumplido, y cuales haya dejado de cumplir”.
La venta de bienes eclesiásticos especialmente de obras benéficas (1.855-56), que trajo consigo la Ley desamortizadora de Mendizábal, permitió la adquisición de los bienes de la Capellanía de San José de la Escusalla a un emigrante de Padrón, cantero, padre de Feliciana y bisabuelo de Rosa González Silva, citada anteriormente, en cuyas manos y de otros descendientes está actualmente la propiedad del inmueble.
Del fantasma nada se sabe últimamente, aunque, para ahuyentar a los buscadores de tesoros que por las noches con pico y palanqueta están moviendo losas y dañando el patrimonio arquitectónico de la casa, incluso robando alguna pieza singular como la pila bautismal de la Ermita, es necesario que dé urgentemente alguna señal de que sigue ahí.

José Lamela Bautista

Fotos