As barragens e o negócio da água

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Como é possível deixar para último a apreciação dos estudos de impacte ambiental?

Ah! Já sei. Porque no fim de contas, como de costume, é sempre o mesmo:  “Isto faz-se…. e mais nada!”. Independentemente do relatório, “isto é para fazer”….e pronto! porque eu quero!!! porque o governo definiu metas!  e não se pode ir contra essas metas! Porque alguns lucram com aquilo que é de todos. Porque já estão pre-adjudicados! (pois já…pudera!) e só falta ouvir (entenda-se, deixá-los falar) os parvos de sempre, os ambientalistas…

 

Depois disto tudo, reparem nas comparações “à Portuguêsa”: “ao contrário de outros países, Portugal está longe de atingir o limite do seu potencial hidroeléctrico, com este plano, ficando pelos 50%, quando há países que já chegaram aos 80%”

Temos sempre que nos comparar!!! Assim, sim! Importámos modelos, mesmo que os outros os tenham abandonado. Importamos a bestialidade dos outros e damos-lhe a dimensão portuguesa. Uma vergonha!

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Transcrição da notícia publicada no DN em 12NOV09:

Barragens avançam em 2010 apesar das críticas

por CARLA AGUIAR

As obras do plano nacional de barragens arrancam em 2010, estando apenas pendentes da apreciação final dos estudos de impacte ambiental. A reposta às críticas de relatório encomendado por Bruxelas segue em breve.

O plano nacional de barragens, que prevê a construção de oito albufeiras, a partir do próximo ano, vai manter-se, apesar de um relatório encomendado pela Comissão Europeia ter levantado duras críticas quanto à avaliação da sua necessidade e aos impactos negativos ao nível da qualidade da água. Em causa está um investimento directo de cerca de 2,6 mil milhões de euros, (se acrescentadas duas obras de aproveitamento), todo suportado por empresas privadas, e a criação de cerca de 20 mil postos de trabalho ao longo da próxima década.

A garantia da manutenção da linha de rumo foi dada ao DN pelo presidente do Instituto da Água (INAG), Orlando Borges, num momento em que os projectos já se encontram todos pré-adjudicados, estando apenas pendentes dos estudos de impacte ambiental, em fase final de apreciação pelo Ministério do Ambiente.

Qualquer recuo neste plano teria um efeito negativo na economia e na meta traçada pelo Governo de reduzir a dependência energética do exterior, aumentando a capacidade nacional de produção de energia eléctrica dos 5 mil MW em 2010 para os 7 mil em 2020.

 

E agora? Somos um País dos Sabichões! Dos Cifrões? ou dos Aldrabões?

Vejam só a argumentação: “Porque, sublinha, “não se pode questionar a necessidade das barragens”. E, por duas razões. Primeiro, “ao contrário de outros países, Portugal está longe de atingir o limite do seu potencial hidroeléctrico, com este plano, ficando pelos 50%, quando há países que já chegaram aos 80%”. Depois, acrescenta, “se as barragens não tivessem viabilidade económica não teriam aparecido empresas privadas a investir mais de 2 mil milhões de euros e a darem 623 milhões de contrapartidas ao Estado. Por outro lado, Orlando Borges diz que o plano cumpre a directiva da água, mesmo que todas as barragens tenham impacte negativo na qualidade da água.”

Alguém acredita que o parecer do Ministério do Ambiente possa vir a travar o plano nacional de barragens?