Como as malaguetas

18 de Outubro, Leonte

Pequenas mas concentradas, como as malaguetas quando são boas e não estamos à espera delas, são estas incursões, por trilhos apagados mas indeléveis e cheios de conteúdo, que tornam uma caminhada informal em momentos fantásticos e únicos.

Picam que se farta. Foram traçados pela “necessidade”, pela vontade e pela vida de gerações. Gerações que de legado cultural, têm cada vez menos. Sem lamentos. São factos Globais! 🙂

Começámos na Portela de Leonte e passeámos devagar… até à Varziela, vendo, ouvindo e sentindo um Outono que se avizinha mas teima em tardar, tentando prosseguir na interpretação autêntica destas paragens e destas Gentes. Fomos conversando e depois…chegámos… Ao carro! Às conclusões? chegaremos?

Que bem sabem estes trilhos!

Pois…as fotos! onde ia eu?

 

Subindo à Louriça desde Vilarinho da Furna

Há caminhadas, e caminhadas…De Vilarinho da Furna até à Louriça

Hoje foi uma daquelas caminhadas que ficam gravadas a ferro e fogo. Há muito muito tempo que não visitava Vilarinho da Furna…e nunca tinha abordado a Louriça por este lado. A caminhada em si, nada tem de especial! Ascendente, distância, terreno, e continuando tecnicamente, por aí fora com todos os parâmetros, nada de transcendente comparado com as “passeatas” que vamos fazendo por esses montes. O toque especial desta caminhada foi o conteúdo. Não sei porquê! Primeiro porque começou em Vilarinho, a aldeia sacrificada ao progresso, remetendo-nos necessariamente para reflexões e análises tão simples e, ao mesmo tempo, tão complexas como as gentes e a cultura que lhe estavam/estão associadas. Depois porque cruzamos com 3 pessoas que “peregrinavam” a S. Bento. E o que tem isto de espanto? Nada. Pelo menos contado assim! O espanto está em pequenos detalhes. Mas por que raio fui eu olhar para os pés daquela senhora! Descia sem calçado, tendo nos pés apenas umas meias…dessas meias grossas vulgares! E como se não bastasse, depois de chegados às Peijoqueiras, inconscientemente 🙂 escorvou-se o potencial explosivo que carrego quase sempre que caminho com o Rui. Nós os dois sozinhos e com os pensamentos maquiavélicos que frequentemente se apoderam das pernas, não era caminhada se não metessemos uma complicação qualquer…e se um diz mata, ou outro, já nem diz nada! Esfola-se e já não se diz mais nada. O Rui até é vegetariano!!! 🙂

Foi um dia bem passado! Subir até às Peijoqueiras, é como pisar chão sagrado. Cada detalhe, cada pedra do caminho, remete-nos para Artes, Ofícios, Mestrias, Culturas e Vivências extraordinárias e únicas. As pedras falam…só precisamos de aprender a lê-las!

Obrigado Rui….mas ouve lá, aquela mariola, a tal, foste tu que fizeste, não foste?

Algumas fotos:

De Ganceiros à Cela

De Ganceiros à Cela, ou o trilho da mentira…

Uma caminhada ( e um dia!) para esquecer. Era dia de Rally! como expliquei aqui.

O último prospecto (coisa horrorosa!) distribuído pelo PNBL-SX apresenta o “novo” sendeiro Ganceiros – A Cela – Pitões. Já tinha percorrido esta zona no ano passado, e, maldito rally, repetir o caminho, parecia-me a melhor opção dadas as circunstâncias. Já eram 8:30 e, sem grandes alternativas pela zona, convenci-me a ir ver como estaria o tal trilho, uma vez que está sugerido no dito prospecto.

Com uma boa dose de desconfiança, estaciono à saída de Ganceiros junto ao início do estradão de terra batida. A primeira confirmação das minhas suspeitas ocorre quando se deixa o estradão e se segue por um caminho empedrado. Dois postes, sem qualquer marca ou inscrição, assinalam a bifurcação. Logo a seguir, no tramo que sobe, segundo poste. Igual aos anteriores desprovido de qualquer marca.Segue-se um desfile de postes de marcação, e que mostra ao mesmo tempo o aspecto e a conservação generalizada do trilho.e quanto a limpeza:Até que apareceu uma “marca”…e outras da mesma autoria, suponho!Chegado ao alto de Rebordiño e já sem a sombra do pinhal, avisto a famosa ponte, quase tão famosa como esta, que atravessa o Salas e nos possibilita o acesso a A Cela.

A descida até à ponte faz-se seguindo por trilho igualmente por limpar. Apenas esta aceitável no tramo final mesmo ao chegar à ponte.

Saindo da ponte…

Até que aparece uma marcação! e, ou oito ou oitenta…ou seja, a limpeza também “limpou” o poste, como se vê (mal mas vê-se o poste caido) aqui,

Para logo depois se encontrarem cobertos pela densa vegetação do caminho que, pela parte de baixo da estrada, nos leva até à aldeia de A Cela.

Ao fim disto tudo, chegado à aldeia, para terminar em beleza, regressei pelo mesmo caminho até ao Alto do Foxo, descendo até Ganceiros pelo estradão. Continuei a ver marcações antigas e sem sentido algum. Será que sobra alguma coisa, daqui?
Já em Março de 2010, as coisas não iam bem…mas continuam

Uffa! que dia…