Um mês depois do incêndio de Agosto

No dia 8 de Agosto de 2010, um incêndio lavrava em Lobios. O incêndio terá começado próximo da “granxa das cabras”, exploração localizada quase à face da estrada que conduz de Lobios a Vilameá, tendo sido extinto nas imediações de Saá, povoação que chegou a ser evacuada. Passado um mês, num dia chuvoso, percorri a zona junto à entrada na Pista das Sombras.

Serão estas as verdadeiras e genuínas atracções turísticas do Parque Transfronteiriço Gerês/Xurés?

Não se trata de “Os de Lá” ou “Os de Cá”…

O Parque do Xurés juntamente com o Parque Nacional da Peneda-Gerês constituem a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês/Xurés, aprovada em 26 Maio de 2008 pelo Conselho Internacional de Coordenação do Programa da Unesco sobre o Homem e a Biosfera” …e não sei mais o quê, o que lhe queiram chamar. Mas, que mais se poderá dizer, e pensar, quando nos deparamos com cenários destes?

Guende – O Estercadiño – O Covato

Depois de uma noite de chuva pesada e vento forte, o dia amanheceu frio com céu pouco enublado e boas abertas. Pois é! Pelas “abertas” cai a chuva…é bem certo.

Ainda indeciso quanto a caminhar ou não, contemplei o Pico da Fonte Fria e o Coto das Gralleiras, antes de sair de Lobios, na esperança vã de os ver esbranquiçados.  Os 5ºc  de temperatura não eram suficientes para fazer jus à previsão de neve acima dos 1100m. As nuvens eram altas e parecia-me razoável iniciar uma caminhada despretensiosa em direcção a alguns desses altos. Com cuidados redobrados e controlando os impulsos que me diziam para não me meter em aventuras de mau gosto…lá estacionei à entrada de Guende.  Mochila às costas, iniciei a travessia  da aldeia. Ainda antes de passar a Igreja  cruzei com 3 residentes madrugadores que conversavam, tendo-os saudado. Senti no olhar deles a estupefacção de verem uma alma penada… Caçador não podia ser!  sem arma nem cães…que andaria ali a fazer uma criatura num Domingo de manhã e com um tempo tão instável? Fiquei com as orelhas quentes, logo cortadas por um vento moderado que soprava de SO ali dos lados da Nevosa. Bem lá atrás, lá para os lados dos Carris, cresciam umas nuvens cinza carregado que me faziam interrogar sobre as minhas opções. As intenções, se bem que pouco definidas, eram apenas reconhecer alguns dos antigos trilhos daquela zona que constituam uma aproximação rápida e em “terreno limpo” ao Pico da Fonte Fria. Se a coisa corresse bem, poderia descer em direcção a Bouzas, terreno já meu conhecido ( se bem que com muito mato, e um tanto ao quanto desagradável, sobretudo molhado!!!).

Logo depois de deixar a aldeia em direcção ao Estercadiño, começam as dificuldades de progressão devido ao estado do trilho. Dada a intensa pluviosidade dos últimos dias, as linhas de água transformaram-se em pequenos ribeiros que corriam sob o denso mato que encobria o que actualmente é possível reconhecer como trilho! Uma quantidade infinita de insípidas mariolas recentes, pouco fiáveis, e muito menos, esclarecedoras, contrastam com outras “antigas”, contribuindo para as indecisões na progressão em terrenos como este. A juntar a tudo isto – o mato pica… e a água é mais que muita – aquelas nuvens estavam mais próximas e já cobriam a Nevosa e continuavam em direcção à Teixeira.

Melhor que ver um arco-íris que se adivinhava iminente, era refazer o programa e regressar antes que se fizesse tarde. Meia volta, voltar! ordenei a mim próprio. Uma granizada pelo caminho de regresso e… nova aberta! Tempo para esticar um pouco mais as pernas, aproveitando para circundar a aldeia de Guende. Desci um pouco em direcção a Puxedo… e fiquei com uma “história” para contar brevemente.

Cada “cama” tem seu uso…

Esta entrada é parte 9 de 9 na série Cancelas

E cada “colchão” tem seu fuso!

Não se esgota nos “sommiers” metálicos, a engraçada, prática e expedita reconversão em cancelas!!! Também os colchões de molas começam a proliferar e a ser utilizados para tão insólita função.

Infelizmente são uma má opção… e, sinceramente, não lhes acho piada nenhuma.

Por outro lado, compreendo bem o problema destas gentes ao quererem desfazer-se destes monstros domésticos. Não há um sistema de recolha a funcionar para estes tipos de lixo. Assim se “legitimam” estes maus comportamentos. Depois vem o frigorífico, a máquina de lavar e o televisor, o entulho das obras e as mobílias velhas.  Enfim, um sem número de coisas que, primeiro, nos enchem de vergonha, para logo a seguir ilustrarem bem onde estão as pequeninas grandes diferenças de mentalidades e consciência ambiental. Mas também não posso deixar de rir quando penso que muita desta gente, que desde sempre sulfatou e adubou, tem actualmente um curso de manipulador de produtos fitossanitários, -bonito nome que eleva qualquer um à categoria de especialista! – porque assim o exige a tal Europa  à qual parece que pertencemos…

Mas não é a obrigatoriedade do “curso” que está mal! O que está mal é que nunca começamos pelo princípio…

Rir, é o melhor remédio!

Passeio domingueiro por Gustomeao

Depois de alterados os planos devido ao cancelamento da “Cãominhada“, pouco mais restava que um passeio domingueiro. Embora o Sol fosse espreitando timidamente, o céu encoberto sobrepunha-se aos cumes mais altos. Fácil. Caminhar a cotas mais baixas… ’tá-se mesmo a ver!!! Coisas de Domingo!

Saindo de Lobios ao acaso, pela estrada que nos conduz por Ogos, Delás, Saa, passámos por Gustomeao. Tomámos a decisão de estacionar e percorrer estes caminhos entre aldeias, como pretexto para esticar as pernas. Uma boa oportunidade para aprofundar os imensos caminhos e carreiros que servem – ou serviam – o acesso aos campos de cultivo, aos locais de pasto,  ligavam os diferentes lugares mais isolados, normalmente “estradas sem continuidade”, onde é difícil encontrar lugar para “inverter a marcha” quando nos vemos quase a arrancar com o retrovisor um pedaço de uma esquina já marcada com antigas cicatrizes…’ tá-se mesmo a ver!!! Coisas de Domingo! É incomparavelmente melhor percorre-los a pé.

Com as cores de Outono a renderem-se a efemeridade dia após dia, ainda podemos desfrutar de belos contrastes de verdes, amarelos, vermelhos e cores quentes de terra. Mesmo com uma luz difusa, própria destes dias enublados de montanha, encontramos locais que não cabem numa foto, por muito grande que seja a “resolução”. ;-)Mesmo assim, atrevi-me a tentar ser fotógrafo… ’tá-se mesmo a ver!!! Coisas de Domingo!