Corvelle

Depois de passar Saá – concello de Lobios – PNBL- SX,- e estacionar junto da entrada do estradão que atravessa até à Portela do Homem, iniciámos a subida até desviar para Corvelle, cerca de 300 metros depois de passar a ponte sobre o Rio Lobios. Abandonámos o estradão e seguimos por trilho de pé posto. Com o Rio Lobios sobre a esquerda, fomos subindo em direcção à Chan de Frielo. A paisagem era soberba, com os cumes desde as Gralheiras, Fonte Fria, Nevosa e toda a cumeada, cobertos de branco. Dado o adiantado da hora, regressamos antes de alcançar Pion de Paredes.

Uma vez regressados ao estradão ainda subimos até descrever a curva que nos permitia a vista privilegiada sobre o Vale de Vilameá e o trilho das Sombras. Após alguns momentos de contemplação,  açoitados por um vento gélido,  com sol , chuva e neve!!!, (incrível conjugação de Tempo – tudo ao mesmo tempo! 🙂 ) regressámos ao carro tendo percorrido um total de cerca de 16 km.

QUO VADIS- 1245… DOS MEUS AMORES

Caminhar, é também,  um exercício de reflexão.

Em determinados contextos e ocasiões, digamos que privilegiados, a singularidade de alguns cenários reflecte-se no nosso quotidiano, enriquecendo(-nos) o trilho!

Foi assim que, quando caminhava no Domingo passado com o Rui, senti algum incómodo ao ser acometido de pensamentos menos próprios do “genius loci” onde me encontrava.

Incomodava-me o facto de serem pensamentos contrários ao momento que eu desejava. Que fosse simplesmente um momento contemplativo, mais nada. Certo é que, por mais de uma vez, abordamos o tema da portaria 1245 nas conversas que entabulamos  ao longo do dia.

Mas, ali, em cima de um muro, não muito seguro, em direcção ao indefinido e difuso futuro próximo, involuntariamente, invadiam-me pensamentos desagradáveis… A 1245!

Uma vez chegado a casa, enquanto visualizava a foto apresentada em cima, pareceu-me evidente a transformação que me propunha fazer-lhe. Meu dito meu feito! e aqui está ela:

– Em primeiro plano, a negritude do futuro. O “presente” está negro;

– À esquerda, um corredor de gelo, onde tudo escorrega;

– À direita, tudo congelado e estagnado no tempo. Ainda mais à direita, o abismo. Negro de todo;

– Ao fundo, a indefinição.

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Estou, ao mesmo tempo, a recordar as vozes que ouvi por essa blogosfera fora. Vozes de descontentamento que cantaram em uníssono!…mas que, espero estar enganado, (haja esperança), esmoreceram e definharam.

– Onde estão as idas a Lisboa, com manifestações radicais?

– Onde estavam os caminheiros no dia 23 para apoiarem os residentes no PNPG, nomeadamente as federações, os clubes e as associações?

– Onde é que se sente a “luta” de que tanto se falou?

Sabem o que penso?

Temos o que merecemos! Basta incrementar o contraste das duas fotos.

A Serra mascarou-se

 

 

Minas das Sombras- novos(?) acessos

Estando uma manhã extremamente fria ( -5ºC às 7:ooh), fui adiando a saída até que resolvi fazer um pequeno passeio ,saindo da Ermida de Nosa Señora do Xurés, Vilameá -Lobios, sem qualquer outro pretexto que não fosse o de caminhar uma hora e meia, duas horas, no máximo. A decisão prendia-se com o facto de serem já 11:00h e não querer regressar ao fim do dia! Descer até à ponte de Porta Paredes, ver o caudal do Rio Vilameá, experimentar um novo fogareiro fazendo um café e regressar,  parecia-me mais que razoável para o adiantando da hora.

Em passo acelerado, como que fugindo ao vento frio e forte que se fazia sentir, rapidamente cheguei às proximidades da ponte. As zonas húmidas e pequenos regatos por onde havia passado estavam gelados. O terreno estava ainda gelado e muito duro. Como havia chegado aqui muito mais rápido do que pensava, propus-me avançar um pouco mais antes de fazer meia volta. Coisas que acontecem quando caminhamos sozinhos!…

E assim fui fazendo. …Ainda é cedo, vou mais um pouco até… ver como está a corga da Xesta. Depois seguiu-se a Carballosa ,  a Escada de Paredes,  e, acabei por decidir (?) que inverteria a marcha, chegando ao estradão.

Mas não resisti. Uma vez chegado ao estradão, quando me preparava para descer até à ponte que fica na curva mais abaixo, deparei-me com obras no estradão que dá acesso às Minas das Sombras.

Tudo indicava que reparavam/abriam  o antigo estradão de acesso às minas. Acabei por subir até às minas, onde encontrei um grupo de caminheiros que, bem na minha frente subiam até aos filões mais altos e explorados a céu aberto, tendo já deixado a zona da mina propriamente dita. Preparei um café e depois subi mais um pouco em direcção ao alto da Amoreira antes de regressar à Ermida.

Aqui ficam algumas fotos do actual estado dos acessos

Minas das Sombras

DSCF1903

Sábado, 28 Novembro. Mais um fim de semana chuvoso. Uma manhã que que fazia jus às previsões meteorológicas. Muita chuva e vento forte, um grande arrefecimento no Domingo e possibilidade de neve nas terras altas, foi a previsão da Tv Galicia que ouvi na sexta feira à noite. De facto a manhã de Sábado apresentava-se  muito pouco motivadora para caminhadas. Embora o frio não fosse muito, o vento era forte e com rajadas. Recordo que cerca da 12:45, quando me encontrava a meio do último tramo do trilho das Sombras, sopraram duas rajadas  verdadeiramente impressionantes. A zona descoberta e sem árvores  onde me encontrava foram o meu único “sossego” . A força do vento foi tal que  inicialmente me desequilibrou obrigando-me a dar um passo atrás.

Saí de casa pouco convencido de que iria caminhar com aquele tempo. Afinal já havia 2 fins de semana que a chuva foi presença quase constante! Não me apetecia muito repetir. Não me apetecia mesmo nada!

Meti-me no carro e, pelo sim pelo não, deixa-me lá ir até à Ermida ver como isto está. A estrada merecia toda a atenção pois havia muitos ramos partidos e os efeitos das enxurradas eram bem patentes. Chegado à Ermida de N.º Señora do Xurez, o “convencimento” não era muito e o panorama desolador nada acrescentava à minha pouca disposição. Ainda por cima, pensava eu, não está tanto frio quanto isso, e a prometida neve não cairá certamente com estas condições. Saí do carro, passeei-me pelo adro, abriguei-me debaixo do alpendre na parede fundeira da Capela, e procurava maneira de resolver o meu dilema: Chuva? já estou farto. Caminhar? porque não… se estou aqui e não vejo nada mais agradável para fazer.

O tempo carregava. Decidi que não. Não iria caminhar com aquela chuva. Voltei ao carro e comecei a descer. Antes de terminar a descida, já quase ao chegar a Vilameá, o anjinho mau segredou-me ao ouvido: “-Vai lá caminhar, porque depois ninguém te atura, e vais-te arrepender”. O anjinho bom, esse já se tinha calado há muito perante as evidências meteorológicas.

Meia -volta. Voltei a subir decidido a ir até às Sombras.

Quase 4 horas à chuva. Um vento deveras forte a dar outra componente a esta caminhada que já fiz tantas vezes