A Escusalla


Há já algum tempo que este assunto me despertava a curiosidade. Cada vez que abordava o tema com quem quer que fosse, sobretudo com aqueles que já visitaram o local, ficava com uma nova história, uma nova explicação e nova argumentação sobre a escusalla.

Não sendo eu muito dado às coisas “misteriosas”, desde sempre pensei ser fácil fazer uma pesquisa e encontrar uma versão “credível” para tantas e tão diferentes versões daquilo que ouvia. Considerava, com precaução, que não passariam de meras expeculações.

Embora o assunto me interessasse bastante, verdade se diga que nunca lhe dediquei o tempo necessário para poder encontrar elementos fidedignos sobre esta “misteriosa” construção.

Em Junho passado lá surgiu, quase por acaso, a primeira visita à Escusalla.

Está localizada no lugar de Compostela, mais propriamente no início da estrada para Ludeiros. Actualmente a sua propriedade ainda é privada. No entanto, decorre um processo de aquisição por parte do PNBL-SX, tal como declarava D. José Reza, Director general de Conservación de la Naturaleza na Galiza e ex-director do Parque,  em Fevereiro passado no jornal “La Region” :

“Este año, Medio Ambiente pone en marcha la segunda fase de la aldea medioambiental de Salgueiros (Muíños) y se ha resuelto el expediente de la Casa da Escusalla (Lobios). ‘Ya es patrimonio del Estado en un 75% y estamos negociando con los herederos de la otra parte para recuperar un pazo precioso para el uso del parque y disfrute de todos’.”

Dados

Encontrei um texto de D. José Lamela Bautista, actual  Alcaide de Lovios, (passei a adoptar a escrita “Lovios” em detrimento de “Lobios” – depois explicarei porquê.), onde encontrei dados de interesse que nos dizem assim:

Es doloroso interrumpir toda esta apasionante serie de tradiciones y misterios seculares, para tener que echar mano del pragmatismo frío de los archivos y poner orden, fechas y datos a la Casa de la Escusalla. El rigor que exige la historia tiene estos inconvenientes. En todo caso, nos limitaremos a recurrir y cruzar los datos de dos fuentes documentales: el Libro de Visitas Pastorales a Manín del 10-9-1831 y el Real de Eclesiásticos del Catastro de Ensenada de Traspórtela del 22-8-1753
La Casa de la Escusalla, según estos documentos, se construyó a principios del siglo XIIX por el Abad de Manín, Don José Martínez y Parga; solo se explica el poder económico suficiente de un párroco para construir esta casa, al derecho secular que tenían los abades de Manín de los diezmos propios de su parroquia, disponer además de la mitad de los diezmos de la parroquia de Lobios; el Abad de Manín, pues, cobraba en tributos al año más de 6.500 reales, cuando la media de los ingresos de los demás vecinos rondaba los 350 reales anuales.
Sobre la Ermita que lleva adosada esta Casa, fundó el citado Abad una Capellanía Colativa (perteneciente al clero ordinario) titulada de San José, con el gravamen de una Misa cantada anualmente en la misma Ermita, otra misa con su Vigilia en el día del aniversario del Ilmo. Señor D. Fr. Juan Muñoz de la Cueva Obispo que fue de la Diócesis de Orense, y otra también con Vigilia en el aniversario del fundador D. José Martínez.
Los bienes asignados a esta Capellanía consistían, además de la casa principal por la que pagaba de alquiler al Obispo 15 reales, otra de 4 reales de alquiler en Compostela; la hacienda se componía de siete fincas de varias calidades y buenas dimensiones por las que pagaba de pensión tres reales. Tenía de ganado suyo propio dos bueyes, y en aparcería, una vaca con su cría y treinta novillos; además, tenía doce colmenas. En el año 1.753 esta Capellanía la llevaba el Canónigo D. Juan Antonio Martínez, Teniente y Cura.
La poseía en el año de 1.787 D. Pedro Fiollega Abad de Cabreloáis, y desde el fallecimiento de este “no hay noticia de otro Capellán, ni menos aparece noticia del original de esta fundación”; los bienes de esta Capellanía, en el año 1.831, los tenía o los administraba Manuel José Araujo, de nacionalidad portuguesa, y habitaba la casa; cumplía con algunas cargas, aunque se apreciaba la decadencia y el desorden de esta Capellanía, como reconoce el propio Visitador Pastoral en 1.831, que le recordaba al administrador Sr. Araujo que “deberá hacer constar las cargas con cuales ha cumplido, y cuales haya dejado de cumplir”.
La venta de bienes eclesiásticos especialmente de obras benéficas (1.855-56), que trajo consigo la Ley desamortizadora de Mendizábal, permitió la adquisición de los bienes de la Capellanía de San José de la Escusalla a un emigrante de Padrón, cantero, padre de Feliciana y bisabuelo de Rosa González Silva, citada anteriormente, en cuyas manos y de otros descendientes está actualmente la propiedad del inmueble.
Del fantasma nada se sabe últimamente, aunque, para ahuyentar a los buscadores de tesoros que por las noches con pico y palanqueta están moviendo losas y dañando el patrimonio arquitectónico de la casa, incluso robando alguna pieza singular como la pila bautismal de la Ermita, es necesario que dé urgentemente alguna señal de que sigue ahí.

José Lamela Bautista

Fotos

Lindoso- a espera desespera

Esta entrada é parte 8 de 27 na série Lindoso

19set1991_1Em 19 de Setembro de 1991,  o jornal diário”A Voz de Galicia” dava-nos uma vez mais conta dos acontecimentos.

Nesta altura, quando faltavam apenas 4 meses para o alagamento das povoações, havia ainda grande percentagem de moradores que não tinham negociado as suas terras. Por um lado, procuravam atrasar todo o processo, por outro, procuravam manter uma posição de força no sentido as valorizarem até à sua desocupação “in extremis”, o que veio efectivamente a acontecer.

Só em finais de Outubro é que houve acordo entre “afectados” e EDP. Pelo meio ficavam momentos de desespero e sofrimento que levaram  esta gente  a uma forte mobilização, inclusivamente a uma greve de fome. No dia 21 de Outubro ocupavam a Casa Consistorial (o equivalente à nossa Camara Municipal), em Lobios, na tentativa de anular as negociações. Convecidos da perda irreversível da sua terra, o mais importante agora era conseguir um preço “justo”.

Um martírio

Numa das caminhadas no Gerês, no início do mês de Junho, fui surpreendido por um acontecimento deveras raro.  Conto esta história muitas vezes e fico sempre com a sensação de que não sou tomado muito a sério. As pessoas ficam com ar de quem diz: “Ok, agora conta lá isso sem exageros…”, e eu fico com a sensação de, “nem contado com contenção esta gente acredita…boh!” –  eu faria o mesmo!

Foi assim:

O dia estava quente e sem vento. O precurso era o Trilho da Cumeada da Portela do Homem até a Amoreira. Zona árida, de vegetação rasteira característica daquela  altitude, sem gado, muita pouca água.

Tendo eu grande tendência para transpirar abundantemente, facilmente comecei a pingar. A pingar mesmo!

Começou o martírio! As moscas, vá-se lá saber proquê, passaram a demonstrar uma tal simpatia por mim e pelo meu boné, que não me largavam. Adensavam-se à minha volta (da minha cabeça especialmente) e zumbiam de forma irritante. A coisa complicava-se cada vez que queria fazer uma fotografia. Tinha que bater umas quantas até conseguir uma “sem moscas”, o que, diga-se de passagem, começava a irritar-me.

O zum-zum constante nos ouvidos, o pousar descarado e titilante no rosto, o calor e a transpiração harmonizavam-se naquilo que viria a ser o meu suplício. Depois, aquilo que mais me intrigava é que só eu era o visado.  Só eu era atacado, para gáudio de quem me acompanhava. Aí, a necessidade de encontrar uma solução, mais do que uma explicação para o sucedido, tornava-se urgente!

Eu molhava o boné, ou com a água que tinha, o que era um desperdício, mas pronto, ou lavava-o mesmo quando encontrava um regatinho ou água mais abundante. Sossego garantido durante 5 minutos! Logo a seguir recomeçava. E zuuummmmmmm… zzzuuummmm zzz zzzz zzz.

Nada feito. Tirei o boné, meti-o num saco plástico e afastei-me dele como último e derradeiro teste. Nada feito! em segundos já estava outra vez atacado. Fui-me encher de moscas! Literalmente!… é bem verdade. Fui-me encher de moscas!

Roguei pragas às moscas, às minhas toxinas e feromonas, ao fabricante do boné e a quem mo ofereceu. Roguei pragas ao gado ausente que bem me podia ter substituido. E começamos a descer…coisa que, felizmente, as moscas não fizeram. Fim do martírio!!!

 

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Saudades

..dos companheiros do Vale das Sombras.

 

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Fotos no Vale do Rio Vilameá, a caminho das Minas das Sombras, entre Dezembro 2008 e Fev 2009