Arquivo mensal: Novembro 2009
Minas das Sombras
Sábado, 28 Novembro. Mais um fim de semana chuvoso. Uma manhã que que fazia jus às previsões meteorológicas. Muita chuva e vento forte, um grande arrefecimento no Domingo e possibilidade de neve nas terras altas, foi a previsão da Tv Galicia que ouvi na sexta feira à noite. De facto a manhã de Sábado apresentava-se muito pouco motivadora para caminhadas. Embora o frio não fosse muito, o vento era forte e com rajadas. Recordo que cerca da 12:45, quando me encontrava a meio do último tramo do trilho das Sombras, sopraram duas rajadas verdadeiramente impressionantes. A zona descoberta e sem árvores onde me encontrava foram o meu único “sossego” . A força do vento foi tal que inicialmente me desequilibrou obrigando-me a dar um passo atrás.
Saí de casa pouco convencido de que iria caminhar com aquele tempo. Afinal já havia 2 fins de semana que a chuva foi presença quase constante! Não me apetecia muito repetir. Não me apetecia mesmo nada!
Meti-me no carro e, pelo sim pelo não, deixa-me lá ir até à Ermida ver como isto está. A estrada merecia toda a atenção pois havia muitos ramos partidos e os efeitos das enxurradas eram bem patentes. Chegado à Ermida de N.º Señora do Xurez, o “convencimento” não era muito e o panorama desolador nada acrescentava à minha pouca disposição. Ainda por cima, pensava eu, não está tanto frio quanto isso, e a prometida neve não cairá certamente com estas condições. Saí do carro, passeei-me pelo adro, abriguei-me debaixo do alpendre na parede fundeira da Capela, e procurava maneira de resolver o meu dilema: Chuva? já estou farto. Caminhar? porque não… se estou aqui e não vejo nada mais agradável para fazer.
O tempo carregava. Decidi que não. Não iria caminhar com aquela chuva. Voltei ao carro e comecei a descer. Antes de terminar a descida, já quase ao chegar a Vilameá, o anjinho mau segredou-me ao ouvido: “-Vai lá caminhar, porque depois ninguém te atura, e vais-te arrepender”. O anjinho bom, esse já se tinha calado há muito perante as evidências meteorológicas.
Meia -volta. Voltei a subir decidido a ir até às Sombras.
Quase 4 horas à chuva. Um vento deveras forte a dar outra componente a esta caminhada que já fiz tantas vezes
A ponte do Rio Homem
Quase ao chegar à fronteira da Portela do Homem pela estrada N308, passamos na ponte sobre o Rio Homem, que será certamente um dos locais mais fotografados do Gerês, nomeadamente o tramo do rio que fica a montante. São inúmeros os carros que param apenas para fazer a foto da praxe, já que o sitio é apelativo a tal pela sua beleza e pelo facto de a “perspectiva” ser boa e de fácil enquadramento, fazendo com que normalmente resultem em “postais ilustrados”. No meu caso pessoal, em abono da verdade se diga, não é dos meus cenários preferidos. Embora ali passe muitas vezes, poucas são aquelas em que me detenho a fotografar o local. No entanto, procurei um pouco e encontrei duas fotos, que junto a uma terceira, feita no passado Sábado. As datas das duas primeiras são, respectivamente, Fevereiro e Agosto 09. Como muda um rio…
Lindoso – a noite mais longa
Depois desta noite nada passou a ser igual. Tratava-se da consciencialização do fim iminente.
Stª Eufémia e Albufeira do Lindoso
Antes que este blogue sofra uma inundação, tanta é a água que por aqui vai, 🙂 mostro uma vista panoramica desde a Ermida de Nosa Señora do Xurés. (Março 2009)
À esquerda a serra de St.ª Eufémia e, mais ao centro, a Albufeira do Lindoso.
No rochedo do lado direito é visível a serpente estilizada ali esculpida e sobre a qual já tentei obter alguma informação, sem qualquer sucesso até ao momento.
(Para mover a imagem, clique e arraste o ponteiro sobre a foto. Para zoom, use tecla “Shift” e tecla “Control”) »»ver foto
Mais água
Foi indescritível esta caminhada no vale do Alto Homem. Uma das zonas do Gerês onde, seguramente, tenho passado mais vezes. Tem sempre surpresas. E que surpresa esta! A chuva como elemento dominante, em pingas grossas arrefecidas e empurradas por um vento vigoroso, transformou, em poucas horas, aquele vale num espectáculo raro e belo. Este ambiente era coadjuvado pelo rugir do Homem, em fúria e gozo ao passar soberano por sítios onde há muito não passava. Quase por magia, riscos brancos surgiam por todas as paredes e encostas revelando alguns segredos daqueles fragaredos.
…mais um pequeno clip video, com um pouco mais de definição….mesmo assim, e independente das limitações dos meios (é uma câmara fotográfica!), nada que se aproxime da sensação e emoção de assistir in loco.