Tendo referido as minhas preocupações relativamente as actuais intervenções em construções antigas ou tradicionais, mostro aqui o exemplo do contrário. Não passa de um simples muro de delimitação “em pedra solta”. Foi enorme o meu contentamento ao ver esta intervenção, especialmente por ser uma intervenção correcta respeitando a técnica, os materiais e o espírito do local. Ao mesmo tempo também me congratulei por ter encontrado alguém que entendia, respeitava e defendia as técnicas tradicionais, como única forma, com provas mais do que dadas, de conservar um património cultural de valor indiscutível: A cultura e tradições de um povo (consolidadas sem cimento).
Qualquer intervenção de conservação e restauro deverá respeitar determinados princípios basilares e fundamentais universalmente reconhecidos, para que seja digna de tal nome. Caso contrário, não passará de um simples acto de descaracterização, com as inevitáveis perdas que daí advêm. O respeito pela autenticidade da obra, – e uma é obra será tanto mais autêntica, quanto menos intervencionada for, – deverá ser o princípio guia de toda a intervenção, começando desde logo pelo planeamento e decisões iniciais. E isto é válido para o muro de delimitação, para o velho moinho, a azenha, o casebre, a casa senhorial, o palácio ou o que quer que seja…
Será isto um espigueiro, ou uma imitação bastante razoável?