O Ferro do Volfrâmio

Alguma fotos feitas no Sábado. O facto de ter chegado muito cedo às Minas das Sombras, possibilitou-me uma “exploração” mais detalhada.

Deixei-me levar pela curiosidade…e pelo silêncio daquelas máquinas ruidosas, caladas para sempre.

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Sombras com luz

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Ao longo do trilho da Ermida até às Minas das Sombras, são visíveis alguns dos antigos postes de transporte de energia.

Uma manhã de Outubro, conjugando-se a hora e a altura do Sol no horizonte, parecia que era o antigo poste que iluminava o vale naquela zona.

Devaneios…

Três fotografias :

Na primeira podemos constatar a não utilização de cimento ou tipo de argamassa.

Na segunda, verifica-se uma descaracterização com a aplicação de cimento em todas as juntas.

Na terceira, um caso de “evolução adaptativa”. Trata-se da “reformulação” de um espigueiro. Para lá do aumento executado em cimento com cofragem, também entenderam por bem consolidar algumas das juntas do espigueiro original, como se pode ver na parte superior esquerda. A cobertura também foi adaptada aos materiais modernos. Em vez das lajes de granito foi usado “Lusalite” ou material similar.

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Para lá do duvidoso resultado estético, a aplicação de cimento, mais tarde ou mais cedo, virá a revelar os seus efeitos nocivos neste tipo de construções. Mas, está feito! e de forma irreversível. São as marcas do tempo e da sua passagem. Cheio de boas intenções, e seguramente com Necessidade, um dia, alguém adaptou este espigueiro. Não será isto legítimo?

Sempre que me interrogo sobre este tipo de “evolução”, ocorre-me de imediato a necessidade e dever inelidível de preservar a memória cultural, de preservar as tradições como legado às gerações vindouras. O futuro constrói-se hoje com aquilo que aprendemos no passado. Estarei errado?

Se queremos conservar um espigueiro, muito bem, conservemo-lo como ele é, ou era! Sem disfarces, máscaras ou “cosmética”. Conservemo-lo com verdade histórica.

Hoje temos cubas em inox, a substituir o tradicional fornecimento de água…

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Repor com verdade

Tendo referido as minhas preocupações relativamente as actuais intervenções em construções antigas ou tradicionais, mostro aqui o exemplo do contrário. Não passa de um simples muro de delimitação “em pedra solta”. Foi enorme o meu contentamento ao ver esta intervenção, especialmente por ser uma intervenção correcta respeitando a técnica, os materiais e o espírito do local. Ao mesmo tempo também me congratulei por ter encontrado alguém que entendia, respeitava e defendia as técnicas tradicionais, como única forma, com provas mais do que dadas, de conservar um património cultural de valor indiscutível: A cultura e tradições de um povo (consolidadas sem cimento).

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Qualquer intervenção de conservação e restauro deverá respeitar determinados princípios basilares e fundamentais universalmente reconhecidos,  para que seja digna de tal nome. Caso contrário, não passará de um simples acto de descaracterização, com as inevitáveis perdas que daí advêm. O respeito pela autenticidade da obra, – e uma é obra será tanto mais autêntica, quanto menos intervencionada for, –  deverá ser o princípio guia de toda a intervenção, começando desde logo pelo planeamento e decisões iniciais. E isto é válido para o muro de delimitação,  para o velho moinho, a azenha, o casebre, a casa senhorial, o palácio ou o que quer que seja…

Será isto um espigueiro, ou uma imitação bastante razoável?

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