Olelas – Ribeiro de Cima

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Tinha decidido que, chovessem picaretas ou não, iria caminhar no Sábado. O caminho é que teria de ser ajustado ao tempo, pois o tempo estava fácil de prever… A avaliar pela noite sexta-feira 13 – interrogava-me eu na brincadeira – como poderia chover mais no dia seguinte? onde estaria tanta água? É que caiu toda ao mesmo tempo! Nessa noite, pelo Lindoso acima, vi-me e desejei-me para chegar a Lobios, tal a chuva, a trovoada e as fortes rajadas de vento.

A chuva, cedo pela manhã de Sábado, não dava grandes tréguas. Indeciso, rumei a Terrachá seguindo depois para A Illa para subir até Olelas, onde cheguei cerca das 9:30. Antes de me meter ao caminho, aproveitei a passagem de um residente para pedir algumas informações. De uma simpatia extrema, ofereceu-se, já que tinha que ir para esses lados, para me acompanhar até ao fim da aldeia e indicar-me o caminho. De forma inteligente e ponderada, foi-me aconselhando muita prudência com o trilho que me propunha fazer.

“…olhe que se esta névoa pousar, está perdido! Até gente da terra se perde. Só tem uma solução. Cara ao rio, siga-o, e irá apanhar um estradão. Não tente subir. Cuidado com essas corgas. Levam muita água, e não tente passar se vir a coisa difícil…Não vá p’ra aí sozinho, home!” dizia-me, de forma simpática e em tom muito amigável, como se de conhecidos se tratasse.

Palavras sábias, as desta gente, fruto da experiência acumulada e da vivência do monte. A sua preocupação para comigo era grande e sincera. Conversámos um pouco enquanto caminhávamos. Foi preciso e claro nas indicações que dava. Até “tempos ” me estabeleceu, ajudando de forma preciosa, caso o tempo se pusesse mais duro.  No final deu-me um voto de confiança. Separámo-nos ao fim de 10 minutos de caminho,  e na despedida eu prometi-lhe assinalar o meu regresso passando em sua casa quando voltasse, tais eram as suas preocupações.

Depois das últimas casas da aldeia, um caminho empedrado – que o senhor designava “caminho de carro” – marcado de quando em quando com os sulcos das rodas dos carros de bois, descreve, a meia encosta, quase sempre à mesma cota, um trilho até ficarmos de cara voltada ao Rio Peneda e a Mistura de Águas. A confluência dos dois vales estreitos, a menos do tempo que se fazia sentir, observado desde ali, é um panorama extraordinário. De aí em diante, um carreiro de pé posto contornando o Rio Castro Laboreiro, com vistas maravilhosas sobre a margem portuguêsa e com o Outeiro do Quintano e as Gralhas do Quinxo, sobre nós, aproximamo-nos do rio.  E o Sol encorajou-se durante uma horita. Campos (cultivados!) anunciavam a chegada a Ribeiro de Baixo. O trilho leva-nos até à ponte, para todos os efeitos uma passagem fronteiriça! O regresso foi feito pelo mesmo trilho debaixo de chuva intensa e vento forte pela frente. A repetir… Com menos chuva!



Portaria 1245/2009 – Uma “Carta de Amor” à Natureza

Esta entrada é parte 1 de 9 na série Portaria 1245 - Taxas ICNB

Relativamente à Portaria 1245/2009 de 13 /10/2009.  “Taxas devidas pelos actos e serviços prestados pelo Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), I. P.”acredito que tudo foi pensado, estudado e produzido, sempre, e só, numa perspectiva de defesa da Natureza. E uma “ligeira actualização de taxas”, já me esquecia.

Deixemo-nos de tretas!….O lucro (e não há outro nome), é a única coisa que sobressai desta portaria. Qual protecção da Natureza, qual carapuça!!! Ridículo….


Perdoa-me Fernando Pessoa. Desculpa Álvaro de Campos, mas ocorreu-me!, e não me contive. Nada melhor que um engenheiro – virtual, para todos os efeitos – para falar de Portarias. Não é para gozar contigo! É para gozar com eles. Dei-lhe um arranjinho. Desculpa a atrocidade.

Todas as Portarias são
Ridículas.
Não seriam Portarias se não fossem
Ridículas.

Também cumpri em meu tempo Portarias, 
Como as outras,
Ridículas.

As Portarias, se há Justiça, 
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca cumpriram
Portarias 
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que cumpria
Sem dar por isso
Portarias
Ridículas.

A verdade é que hoje 
As minhas memórias 
Dessas Portarias
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Entre Quintela e Olelas

Como referi em post anterior, não consegui passar determinada fase do percurso, quando em Julho passado tentei fazer o trilho – marcado pelo PNBL-SX – entre Lantemil e Olelas.

Uma “cancela”, mais propriamente um amontoado de galhos, ramos velhos e algum arame farpado que a vegetação, nomeadamente as silvas, invadiram e tornaram num matagal intransponível, atravessa aquilo que terá sido o trilho. A dificultar ainda mais a passagem, o declive da zona é grande. O “trabalho” é característico das vedações criadas para evitar que o gado as ultrapasse, não permitindo que se afaste. Ora, o gado, já nós sabemos, não é inexperiente nessa modalidade de escapar…e, ou a vedação é vedação, ou então, mais tarde ou mais cedo, o gado abre mesmo passagem. Tem que se lhe diga: – Cancela bem montada, antiga quanto baste. – As condições climáticas soberbas, este ano, para o crescimento do mato, a falta de “uso”, enfim, tudo conjugado para o “aqui não se passa!” sem recurso a medidas drásticas! Assim foi. Meia volta, e já está.

Na altura não fotografei a cancela. Isto é, não fiz uma foto de modo a poder ilustrar a dita “cancela”, nem tão pouco se tratava de algum dos meus predilectos “sommiers” 😆 , mas fotografei a zona já não sei a que propósito.

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As marcas mais antigas do trilho ainda lá estão, embora pouco visíveis.

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À volta de Olelas

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Depois de ter visto alguns sinais indicadores de trilho na berma da estrada (OU-1209) que liga A Illa a Olelas,  resolvi verificar o seu estado e tirar a limpo algumas dúvidas. Será que a passagem é possível neste momento? Esta era a minha dúvida. Já no passado mês de Julho, ao tentar fazer o trilho “oficial” marcado pelo PNBL-SX, tendo começado junto à área recreativa à entrada de Quintela,  decorridos cerca de 3 Km, deparei-me com um trilho desactivado e que acabou por terminar com “meia volta e volta para trás”, depois de encontrar uma cancela intransponível tal era o avanço da vegetação e o desnível acentuado do terreno. Esgotadas no terreno as buscas de alternativas para tentar prosseguir em direcção a Olelas, acabei por desistir. Junto do Parque, em Lobios, fui informado que o trilho está desactivado sendo reformulado dentro em breve. Na altura lamentei o facto de não haver qualquer informação nesse sentido no início do trilho.

Comecei este tramo junto à estrada, logo a segui ao Coto da Gritela. Com vista para o Lindoso e para a albufeira marcada pelo viaduto de Lantemil, o trilho evolui ora pela parte de baixo da estrada, ora por cima, bordeando depois o alto do Seixiño para começar a grande descida (subida!) até às Mestras. Não tendo mais tempo para continuar, regressei pelo mesmo caminho. Ainda não foi desta vez que pude apurar da possibilidade de passar de Lantemil –  ou Quintela, para  Olelas

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Fauna e flora em atlas luso-galaico

“A Junta da Galiza e o Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade estão a desenvolver um projecto conjunto de gestão dos recursos naturais, fauna e flora, do Parque Internacional luso-galaico Xurés/Gerês, disse fonte do organismo.

O biólogo Henrique Carvalho, do Parque Nacional da Peneda-Gerês, adiantou que o projecto culmina com a criação de um sistema comum de informação geográfica das duas áreas – o PNPG e o Parque Xurés Baixo-Límia – e de dois atlas, um sobre a fauna e outro sobre a flora.

A iniciativa vai ser apresentada no dia 12, em Santiago de Compostela, pela Direcção-Geral de Conservação da Natureza da Junta galega, pelo instituto português, e pela associação Adere Peneda-Gerês, parceiro do projecto.

É apoiada pelo programa comunitário POCTEP de “Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal”, tem a duração de dois anos, e um orçamento de 400 mil euros.” In Jornal de Notícias, 02-11-2009

A notícia completa aqui

Cada roca tem seu fuso – 6

Esta entrada é parte 6 de 9 na série Cancelas

…e cada terra tem seu uso!

Não resisto a estas belezas. O sentido da reutilização está bem patente!!! Lógico e ecológico.