Farto e cansado de falar, estou eu! Há outros que também estão:
São, infelizmente, abundantes as coisas insólitas que acontecem na “gestão” do PNPG e do PNBL-SX. Não faltam (maus) exemplos daquilo que, aos olhos do visitante comum, por mais boa-vontade e compreensão que lhe assista, não têm explicação.
Não quero procurar culpados nem analisar modelos de gestão, matéria em que me considero perfeitamente ignorante. Posso tentar, com razoável esforço, entender tais actos como perfeitamente legítimos, respaldados em decretos e portarias vigentes. Posso até, num derradeiro esforço, tentar ignorar tais coisas! Lá isso posso. Mas não consigo. Sinceramente, não consigo. Ele é do lado de cá. Do lado de lá. De todos os lados e a toda a hora. Asneiras e mais asneiras. Tudo isto no Parque Transfronteiriço, Reserva da Biosfera- PNPG & PNBL-SX , com certificação PAN PARKS,( mestres do show-off, ou será que são mentiras? que parolos! mas desde que corra dinheiro, vale tudo)
Não devo nada ao Movimento PNPG Com Gente, atenção! Refiro a organização apenas para exemplificar um caso absurdo. Quem sabe explicar isto ? E por falar em absurdo, e coisas velhas…em pleno PNBL-SX, e em zona de reserva especial para a qual é necessária autorização para a sua visitação, deparei-me com uma difícil de acreditar. No passado mês de Agosto decidi visitar, mais uma vez, a aldeia de Salgueiro. A ideia era avaliar a evolução da “desastrosa” para não dizer “criminosa”, recuperação da aldeia. A última vez que a tinha visitado(2009), deixou-me perplexo e catatónico. Não queria acreditar! Na Galiza? que tem vindo a desenvolver competências arrojadas e de vanguarda na área da conservação e restauro, em consonância com a mais recentes metodologias e técnicas? Fiquei chocado e triste, e pronto procurei uma justificação para que a reabilitação, ou lá o que fosse, tivesse sido executada daquela forma. Desconhecia o projecto global para a aldeia de Salgueiro, mas, francamente, tudo aquilo estava errado. O aspecto dos trabalhos(2009), dos andaimes e de alguns materiais de construção dispersos, bem como os sinais existentes, revelavam uma interrupção brusca da obra. Foi o meu único factor de contentamento! – a asneira, foi parada. Na minha mente, ali mesmo debaixo do hipotálamo, gerou-se um arrepio que me fez desenterrar demónios e ao mesmo tempo procurar alguma lucidez. Fez-se luz! Só pode estar parado, porque, embora tarde, perceberam que está mal! Tranquilizei-me! Só queria acreditar que era assim como eu pensava. Aquilo que tinha idealizado e, aplaudido quando conheci a ideia, ainda poderia ser possível. In dubio pro reo. Está parado e certamente irão repensar esta intervenção! Não vai continuar assim!
Ao mesmo tempo, algumas “intervenções” já executadas eram pouco ou nada reversíveis e profundamente descaracterizantes, contra os mais básicos pressupostos (e não me refiro aos presupuestos, en galego, pois isso dos financiamentos será outra face da mesma moeda!) consagrados nos mais elementares princípios éticos à luz das teorias modernas pós-Cesare Brandi, referência mundial da teoria da Conservação & Restauro. Mas deixemos as teorias de lado e vejamos as coisas pelo lado do bom senso. Afinal é um princípio basilar de qualquer atitude, e como tal primário, antes de qualquer outra coisa.
Sem entrar em detalhes técnicos, em coisas menos evidentes mas não menos importantes (a técnica de colocação do “colmo”, ridícula, simplesmente), basta um simples e contemplativo olhar para de imediato sermos agredidos, por exemplo, pelo tipo de aparelho e pico exibidos pelos remates das cumeeiras nas casas intervencionadas. O uso de cimento Portland de forma desnecessária e abusiva Como se não bastasse e, para matar a galinha dos ovos d’oiro, a maravilha de Salgueiro
foi sacrificada com uma estrada asfaltada. Já se estão a rir? ou a chorar?
Pois é. É difícil acreditar mas é verdade. As obras (felizmente!) estão paradas, mas a estrada apareceu. E por muito de ridículo que isto tenha, já para não falar de financiamentos e gestão que, como disse, não percebo nada, ainda é mais ridiculo o facto de ser necessário autorização para chegar a Salgueiro a péQuando podemos chegar a escassos 1000m, parar o carro e continuar pela estrada asfaltadapara depois continuarmos…
Até passar a a terra batidae por favor não corram, pois o limite é bem claro, 30km/h. Um último detalhe antes de terminar. – A estrada asfaltada tem rails de protecção. Bem. Muito bem! pensaram na segurança. Mas, são rails integrados na paisagem, revestidos de madeira. Mas que bem! assim já não agridem a paisagem…Teria mais a dizer sobre as asneiras que, quer de um lado, quer do outro, se vão cometendo. Desperdiçando financiamentos e oportunidades com investimentos inconsequentes e, muitas das vezes desvirtuando os programas que os promovem, perdemos, de forma irreversível, o potencial que todos (re)conhecem da região. Tenho pena e fico triste. É só “potencial”…e cada vez é menos! É difícil acreditar. Mas não é uma questão de fé, são factos.