Tendo verificado que o comentário de José Carlos Pires (PNPG comgente), feito na entrada deste blogue intitulada QUO VADIS – 1245…dos meus amores , recebeu muito poucas visitas, gostaria de lhe dar o destaque que entendo que merece o referido texto, o qual transcrevo aqui abaixo, agradecendo desde já a sua colaboração (mais uma vez! Bem-haja!) na clarificação e concertação tão necessárias para um desfecho “menos mau” deste no POPNPG, bem como a referida Portaria 1245. Obviamente, também agradeço a todos os outros comentadores do post em causa, pela sua participação em tão nobre causa como é a de caminhar, com Regras, mas sem Taxas! Obrigado.
COMENTÁRIO DE José Carlos Pires –transcrição:
“Boa noite
Surgem alguns comentários a “acusar” quem, vivendo no território do PNPG, não esteve na marcha contra a Portaria das taxas, ou, quem tendo estado nesta marcha, não esteve depois na manifestação dos Povos da Peneda Gerês.
Acho que não podemos misturar as coisas, pois os objectivos de cada acção eram diferentes, bem como os promotores. Aliás, poderá até acontecer que apareça, entretanto, outro motivo para nova acção, com pessoas diferentes.
É claro que nos preocupa muito o desnorte ambientalista e que as taxas são absurdas e vão prejudicar populações locais e os amantes da natureza e do montanhismo. Para nós, que vivemos dentro de uma área protegida, as taxas são mais um dos problemas, não sendo todavia o mais importante. Ao contrário, para quem nos visita, as taxas possam a vir a constituir o principal problema de facto.
Em suma, são situações complementares, sentidas de forma diferente, consoante a posição de cada sujeito. Por isso, ambas merecem respeito.
Entrando agora mais concretamente nas taxas do ICNB, ou melhor, na Portaria 1245, ou outras que a vão substituir, devemos estar muito atentos e pressionar os decisores políticos porque, na minha opinião, existem as seguintes ameaças:
1. É preciso acautelar o prolongamento da suspensão da Portaria 1245/2009, pois a nova portaria não vai sair em tempo oportuno para a revogar;
2. Parece que a solução passa por publicar não uma mas duas portarias, uma para ajustar o preço dos serviços do ICNB com os outros serviços do Estado e outra para tratar especificamente sobre a visitação e o acesso às áreas protegidas;
3. Parece que não estão a cuidar de diferenciar o acesso e a visitação a terrenos do Estado de terrenos privados e baldios;
4. Deveria existir diferença entre as actividades de visitação com fins comerciais, das restantes.
Por fim, chamo a atenção para a regulamentação que ainda vai ser produzida, com a carta de desporto de natureza de cada área protegida, que fixará as cargas, os períodos de acesso, as condições da prática, etc. Ou seja, depois de o Plano de Ordenamento eventualmente abrir a porta à visitação ou ao acesso (ainda está para sabermos o que isto vai querer dizer) e de existir uma eventual taxa a pagar pela actividade, poderá acontecer que ela não se possa realizar porque já não há vaga, por estar fora do período de autorização, ou faltar um qualquer requisito ao interessado.
Tudo isto para dizer que durante as últimas décadas de domínio ambientalista, de uma falsa ideia de protecção da natureza, temos de estar muito atentos às “manobras” que vão aparecer para limitar, condicionar ou até proibir o acesso e a visitação às áreas protegidas.
Termino apelando ao respeito pelas populações locais, suas propriedades e seus usos e costumes; à visitação responsável; ao controlo e à fiscalização efectivas; às acções de recuperação e de protecção dos valores naturais; e à verdadeira promoção da natureza, do ambiente e da biodiversidade, onde o Homem é um elemento essencial dentro da Peneda Gerês.”
Relativamente à ultima parte do comentário onde o texto fala das manobras para limitar, condicionar ou proibir o acesso, devo dizer que, como publiquei em bota-rota.blogspot.com, já visito parques naturais e nacionais, aqui e fora do país, faz muitos anos, sempre com respeito por esses maravilhosos recantos e com muita admiração e muito respeito por quem lá vive. Se essas manobras começarem a acontecer, serei, eu e o meu grupo, clandestinos em Portugal. Continuarei a frequentar estes espaços e a visitar as suas gentes, com regras e sem taxas.