Minas das Sombras – Alto da Amoreira

Lobios, 3 de Abril de 2010.

Depois de um tão longo período sem caminhar, decidi não esperar mais tempo nem melhores oportunidades para tal. Vai assim mesmo! O Tempo estava mais tolo do que eu! Ora chovia, ora estava sol, sempre com um vento moderado e frio. Estando em Lobios, recorri ao que tinha mais à mão, e siga até à Ermida de Nosa Señora do Xurez em Vilameá, Lobios. Depois logo vejo para onde ir…sendo que, dali, o mais certo e ir até às Minas das Sombras. Estando só, e com um tempo tão incerto, pensando nas nuvens que ameaçavam nos cumes mais elevados, optei mesmo por fazer mais uma visita às minas. Garantiria assim a segurança e os imprevistos, tão bem conheço aquele trilho e aquela zona.

Até às Minas, mais chuvada menos chuvada tudo foi como de costume. A luminosidade do dia mudava constantemente e realçava detalhes da paisagem. Lá fui andando. Chegado às minas, sou recebido por um Garrano  fêmea, prenhe e, não fiquei certo, ferida no posterior direito, que assentava com dificuldade.

Avistei-a no meio do caminho quando acabo de sair de trás da parede, onde termina o curso de água vindo de cima, mesmo em frente da boca da mina. Foi uma surpresa para os dois, mas não fugiu. Lentamente progredi tentando chegar ao talude superior, contornando o muro, esperando que com o meu avanço ela se afastasse cedendo-me passagem. Ao mesmo tempo não a queria incomodar, e esperava que ela tomasse uma decisão. Para onde iria? para o fim do caminho em frente ao edifício das camaratas? ou subiria por onde eu tinha intenção de prosseguir? Passo a passo, falando-lhe e com muita calma fui-me aproximando. Nem se mexia! Procurava apoio com o posterior direito de quando em vez, e as suas orelhas seguiam os meus ruídos. Eram as únicas coisa que mexiam. Assim estivemos longos dez minutos. Deixei-a em sossego, parecendo-me debilitada e algo assustada.

Prossegui caminho em direcção ao Alto da Amoreira, onde cheguei cerca do meio dia. O Tempo parecia compor-se e decidi ir almoçar aos Carris.

Contemplei o Altar de Cabrões, O Alto dos Carris, o Outeiro Redondo, o Vale dos Salgueiros da Amoreira, o Outeiro da Meda e a Lage do Sino. Esqueci-me do tempo e das horas.

Seguindo já por entre um terreno bastante nevado, subindo sempre junto à linha d’água que nos conduz em direcção ao marco geodésico do Alto de Carris, o céu escurece repentinamente e começa uma saraivada intensa. Sem qualquer tipo de abrigo alcançável em tempo útil, ali fiquei a levar com elas. A visibilidade reduziu-se a uns escassos 3 metros. Assim fiquei durante uns cinco minutos até que o granizo se transformou em neve.  Facilmente abandonei a ideia de continuar até aos Carris, optando por regressar às Sombras. Optei por aguardar uma aberta e sair dali só depois de ter alguma visibilidade do terreno. Estando sozinho, disciplinei-me para não correr ou dar passos precipitados que facilmente resultam em quedas com aquele tipo de terreno.

Foi tempo de chegar às Sombras, almoçar e regressar à Ermida quase sempre debaixo de chuva.

 

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