Que prazer caminhar à porta de casa com amigos assim. A minha motivação para a caminhada de hoje passou pelos amigos, não pelo trilho. A zona, embora a não tivesse visitado nos últimos 15-20 anos, é minha conhecida desde a infância. Foi bom recordar as primeiras experiências Outdoor daqueles tempos…ver como tudo se modifica aos nossos olhos, e se consolida como o sendo “sempre mesmo” nas nossas memórias e recordações. Saudosismo, evolução e envelhecimento foram ideias que giraram em carrossel no meu imaginário, como que uma dança de salão muito ordenada. Outra forma de nos vermos pequeninos perante a natureza…
Mas basta de lamechas. Foi muito agradável o tempo passado. Valeu-me a companhia!
O nevoeiro, que preguiçosamente se recusava a levantar, em nada perturbou o passeio. Quando cheguei ao local de encontro ainda pensei no ditado “Sta. Luzia de Touca, Chuva Certa. Muita ou Pouca”. Mas não. Não estava de “touca”.(1) Todo o vale e foz do Lima sofriam este fenómeno comum de uma névoa “térmica”, que, normalmente, se desvanece com o aquecimento matinal. Esperava-se um dia de sol e com as temperaturas altas dos últimos dias. E a névoa lá foi levantando à medida que o Sol se impunha, também preguiçosamente.
Distribuídos os folhetos informativos, gentilmente disponibilizados pelo grupo responsável pela homologação do trilho, Viana Trilhos – Grupo de Montanhismo de Viana do Castelo – ao qual agradeço e felicito, iniciamos o trilho. Lá fomos progredindo, sobretudo fascinados pelo facto do trilho se desenvolver precisamente sobre o “cano”.
É louvável a conservação do trilho face à praga de “mimosa” ou “austrálias”, que invadem a região. Interessante foi também reflectir sobre o “cano” e a “água”. O trabalho que ali está! O tempo gasto! A técnica! O saber ( hoje será melhor dizer o Know How! Muito mais moderno, não?), ali debaixo dos nossos pés, literalmente, como há gerações e gerações atrás. O tempo, que hoje se chama, “HORA+IVA”, era a coisa mais barata e abundante da época. As coisas, as obras, eram feitas porque eram necessárias e faziam falta, e respeitavam os materiais, as técnicas e a natureza. Hoje em dia são feitas porque respeitam um plano político e são convenientes às circunstâncias. Mas sempre foram feitas assim, não foram’? Foram pois. A diferença está no respeito pela natureza. Esse simples entendimento.
E a Natureza está-se marimbando para os políticos e para todos e quaisquer que a desafiem, consciente ou inconscientemente.
Mas basta de lamechas. Foi muito agradável o tempo passado. Valeu-me a companhia!
Terminado o cano, retornamos ao “urbano”. Desta feita, S. Mamede. O pagão, o laico, o religioso, o cristão, fundem-se com arco-voltaico e eléctrodos próprios dos tempos actuais. Uma fusão muito singular que, sem deixar de ser progresso e evolução natural, são a descaracterização irreversível e o afastamento das tradições. Tradições, essas tão apregoadas e apanágio dos (duvidosos) promotores turísticos e operadores de turismo rural, que morrem às suas próprias mãos.
Mas basta de lamechas. Foi muito agradável o tempo passado. Valeu-me a companhia!
…e depois Almoçamos! com maiúscula, não é gralha, ou o corrector automático. Não! nada disso. Foi um almoço com “A” maiúsculo. A Cortesia do Paulo e do Mário como “Chefes”, a Simpatia anfitriã da Paula, a Mestria do escanção Rebelo coadjuvado pelo André…uhhhh. (é um UHHHH, quase erótico!) Que repasto. Não comparo com o Guia Michelin porque só vai até às três estrelas. Limite muito inferior para a situação. Soberbo! “NADA” foi a a única coisa que faltou.
E faltava a foto final. Tinha que ser em frente ao Templo! Fotógrafos? Não faltavam. Mais um casamento, matrimónio(?) ,estava a terminar naquele Templo. Fácil foi encontrar fotógrafo(a) e não ter que fazer as conhecidas figuras ridículas da foto de grupo!
Valeu-me a companhia!
(1) A “touca” de Sta. Luzia é a denominação popular, quando não se vê o Templo devido às nuvens baixas, no entanto sem o nevoeiro (névoa de carácter térmico essencialmente), típico do micro clima de Viana do Castelo.