O trilho das Minas das Sombras, assim como a zona envolvente, não diria que são a zona preferida, mas que por força das circunstâncias, são a zona mais frequentada nas nossas caminhadas. Caminhar tornou-se um hábito. Não naquele sentido dos “profissionais da montanha” que, vestidos a rigor, equipados com toda a tecnologia – a dispensável e a indispensável – se vão auto-flagelando e cantando feitos, batem records, sejam lá eles quais forem. Uma coisa mais ligeira, talvez menos radical mas mais enraizada.
Caminhar, para lá do excelente exercício físico reconhecido por todos – sobretudo pelos não praticantes – é um dos poucos momentos onde esquecer-me de tudo, excepto do caminho e da sua envolvência, é extremamente fácil e nada constrangedor. Sem qualquer outro sentimento que não seja o de Liberdade, ainda que só experimentado por algumas horas, o deixar-me levar – literalmente – pelas pernas, é de tal forma compensador que de imediato despoleta uma imensa alegria por ali estar, uma ligeira tristeza por ter terminado e uma enorme vontade de voltar depressa. Vale por isso mesmo, muito mais do que o caminho só por si, seja ele qual for. E ainda não encontrei caminhos feios. O trilho vale pelos momentos que lá passamos, aquilo que lá vivemos, o que vimos e o que sonhamos.
Dispondo de relativamente pouco tempo para nos ausentarmos de casa, e dada a nossa localização, uma das zonas preferenciais até pelo tempo de acesso e proximidade, é a zona de Lobios, no Parque Natural da Baixa-Limia – Galiza, zona a norte da correspondente área do PNPG da Portela do Homem e para lá do vale do Alto Homem até à Nevosa.
O trilho percorre todo o vale do rio Vilameá, cruza um estradão e continua até às Minas. São cerca de 8 km para cada lado, dependendo obviamente do local de início. A partir da Ponte de Paredes (600m), todo o percurso é a subir até aos cerca de 1200 m nas Minas.
Fazer o mesmo trilho tantas vezes? Pois é. Um trilho nunca é igual nem sempre o mesmo ainda que o caminho feito seja rigorosamente o mesmo. Tal como ir ao mesmo café todos os dias. Virar a mesma esquina, fazer a mesma praceta de sempre. E todos os dias é diferente. Passamos pelas mesmas casas de sempre como passamos pelas mesmas árvores de sempre. E é sempre diferente. Passamos com sol e com chuva. E é diferente. Passamos no Verão e passamos no Inverno. E é diferente. Talvez por isso, talvez por ser sempre diferente, talvez porque lhe queira adivinhar as diferenças, voltarei lá. Mais uma vez…