Onde eu queria chegar… “C’um Carvalho”

Directamente relacionado com o “post” anterior .

Ele há cada coisa! Coisas que existem e basta. Valerá a pena tentar explicá-las? Acho que não.

Recordo de imediato a gracinha que se faz em todo o lado quando se fala de “bruxas” e bruxedos. Só que neste caso, diria ao contrário: – “Acredito nisto, e que existe, lá isso existe!”. ‘Tá aqui!

Provas da sua existência, são estas imagens e não se trata de uma fotomontagem! Palavras para quê…

e onde quero eu chegar com esta brincadeira? Quero apenas chegar a uma coisa muito séria e que me parece passar despercebida à maioria dos que, com a maior das facilidades e sempre muito bem fundamentados, argumentando com, sobretudo, Ciência, Estudos, Trabalhos, “Papers” e mais “Papers”, Publications e Publicações de Authors, etc, nunca comentam. O que lhes falta então? O que lhes falta, no meu entender, é algo básico e elementar.  Falta-lhes a capacidade para retirarem  dos  olhos a venda da ciência, e terem capacidade de fazer um pequenino esforço para compreender estas gentes. Não. Esta Gente não são uns seres raros e nunca estudados. Mas não se limitam a ser um “input” que gera um “output” frio e muito descorado, de análise sistémica pura levada às últimas consequências. Não. São pessoas com uma cultura muito própria e cuja “evolução” e “desenvolvimento” são, necessariamente, muito próprios. Presume-se, fácil e erradamente, que se conhecem estas Gentes, lá porque já conversámos uma meia dúzia de vezes com eles, ou porque achamos que sim simplesmente. Não. Reparem que está na moda as pessoas, digo, os urbanos, darem-se com os labregos, digo, os rurais.

“Acouraça-te de senso,
vomita de vez o morticínio,
enche o pote de raciocínio,
aprende a ler corações,
que há muito mais que fazer
do que fazer revoluções!”, já dizia o poeta…

Também está na moda fazerem-se deduções e juízos de valores acerca desta Gente, como se de uma outra espécie se tratasse, sem que haja o cuidado de lhes vestir a pele e de nos pormos na sua condição, antes de tirar conclusões. Investigadores habituados a tirar as conclusões que desesperadamente buscam, e a não mais fazer do que por a jeito meia dúzia de factos que “cientificamente” comprovam, sem que assumam a isenção necessária à validação de tais estudos . Facilmente estes iluminados cérebros enchem a boca afirmando, argumentando que nunca foi provado o contrário, que  esta Gente e as entidades gestoras- ( a gente das Áreas Protegidas, dos Parques Naturais,  dos Nacionais, das áreas onde os cérebros resolveram criar as ditas RANs RENs APs ZPTs, etc , o que lhe queiram chamar, sabem bem a que tipos de Terras e de Gentes me refiro) -, as relações entre as partes, são muito boas, pacificas e cordiais.

 

Perante o exemplo de atitudes como esta – isto para ir buscar um simples exemplo – o que se poderá comentar?

Não vou comentar o facto em si, vou limitar-me a fazer algumas ( quatro chegam bem) afirmações que me parecem óbvias. Serão, eventualmente para alguns, como se pode ler aqui, “convicções nunca demonstradas“.

1º – Quem fez isto (entenda-se, a população local, enquanto colectivo e não um indivíduo!)  sente orgulho e satisfação por tal!

2º – Fizeram-no convictos de que estão a melhorar e valorizar o espaço e a árvore.

3º – Não têm qualquer dúvida relativamente ao direito de o fazerem.

4º – Tendem a não aceitar qualquer outra argumentação contrária à sua, por muito demonstrada “cientificamente” com gráficos, estatísticas e referências académicas.

Assim, quando os “investigadores”, que dizem conhecer estas gentes, conseguirem entender e explicar o “porquê” destes actos, talvez consigam entender como são erradas as suas argumentações relativamente aos fogos florestais e que mudar mentalidades nunca foi por decreto!

Poderei estar profundamente enganado, mas, da mesma forma que não consigo explicar “isto” deste carvalho, não consigo entender como o Homem se pode transformar em incendiário. Mas é só a minha convicção. Quem me dera estar enganado! Teríamos menos fogos. Convicções, c’um carvalho!

C’um Carvalho…


 

Deixo as imagens deste majestoso carvalho, sem qualquer texto ou comentário. De momento, não queria dar qualquer outra informação adicional.

…mas gostaria muito de “ouvir” os vossos comentários!

Equinócio de Outono



O Equinócio ocorrerá amanhã, dia 23 de Setembro às 04h09m. Esse instante marcará o início do Outono no Hemisfério Norte. O Outono durará 89,85 dias até ao próximo Solstício que ocorre no dia 21 de Dezembro às 23h38m.

informação: Observatório Astronómico de Lisboa

Equinócio: instante em que o Sol, no seu movimento anual aparente, corta o equador celeste. A palavra de origem latina significa “noite igual ao dia”,  data em que dia e noite têm igual duração.

De Pereira (Entrimo) à fronteira da Ameijoeira

17 de Setembro

Saindo da povoação de Guxinde, concello de Entrimo, provincia de Ourense, foi recentemente criado um novo trilho (Sendeiro ruta do Pan). Bem sinalizado e limpo, a continuação deste trilho leva-nos até a fronteira da Ameijoeira ladeando sempre o Rio Castro Laboreiro. Nos meses de Inverno, quando o caudal do rio for maior, penso que será difícil realizar este trilho. O facto de discorrer tão próximo do rio, terá por certo zonas alagadas. Depois de abandonar a aldeia de Pereira e subindo em direcção ao Mioto, logo nos deparamos com um cruzamento indicando o Pr-G 128 e a Casa Do Frade.

A Casa do Frade é um moinho recentemente restaurado (cuja intervenção é muito discutível em termos de preservação da “autenticidade” da construção) localizado numa zona de difícil acesso, cuja descida merece o máximo de atenção!!! Na proximidade, um painel informativo bastante completo, faz advertência à perigosidade da zona aconselhando a não fazer a visita. De facto, a visitação do moinho obriga a uma descida íngreme e escorregadia, perigosa em tempo seco e muito perigosa em tempo de chuva. No entanto, parece-me mais seguro a criação de um acesso artificial seguro (escadas de madeira com corrimão, cordas e fixações metálicas, por exemplo) do que a informação desaconselhando a visita. Quando se diz “perigosa” em todos nós passa a tentação se avaliar pessoalmente o grau de dificuldade e perigo envolvido. A dificuldade e o perigo, versus segurança, são factores muito relativos e directamente proporcionais à preparação e desempenho de cada um. Talvez fosse melhor criar condições que facilitem a descida em segurança do que desincentivar a visita. Que sentido faz recuperar um moinho para criar uma mais valia do trilho, para depois não ser visitável em segurança? Que sentido têm investimentos destes? Ainda para mais, o moinho não é sequer visível, sem que se faça a tal descida…e todos, uma vez ali chegados gostarão de ver o moinho.

Voltando  a trás cerca de 200 metros, prosseguimos por um caminho desbravado há muito pouco tempo que desce até à margem do Castro Laboreiro, delimitador soberano da fronteira,  encontrando-se por vezes alguns tramos com arame farpado, o que não deixa de ser um absurdo, mais a mais com a proibição do seu uso esteja regulamentada, tanto em Portugal como na Galiza!Fronteira(?). Zona de caça(?) Perigoso e inutil, isso é de certeza!

Passamos em frente ao lugar de Mareco e logo a seguir cruzamos um muro de fronteira que desce a ladeira desde a Ameijoeira ou Ameixoeira. Subimos junto à ponte pela estrada até ao antigo posto da Guarda Fiscal cortando depois para Pereira passando junto ao marco 51, percorrendo parte da Ruta Equestre – PNBL-SX. Pelo meio, ficou uma chuvada inesperada num dia em que o tempo correu as 4 estações do ano. Um passeio de dificuldade média-baixa, muito agradável. Foi uma enorme satisfação encontrar patos selvagens em alguns locais, bem como a presença de peixes e insectos aquáticos, reveladores da boa qualidade da água.


VIII Andaina Terrachan-Peneda

No passado dia 11 de Setembro, cerca de 200 participantes realizaram mais uma edição da caminhada da Terrachan (Entrimo) até ao Santuário da Peneda. Agradeço à Maricarmen o convite,  à Maribel a inscrição, e ao grupo que integrei, esta agradável participação. Parabéns à Organização.

Fogo e … artifício, no País das Tradições!

Decreto-Lei n.º 124/2006
de 28 de Junho

CAPÍTULO V
Uso do fogo


Artigo 29.º
Foguetes e outras formas de fogo

1 – Durante o período crítico não é permitido o lançamento de balões com mecha acesa e de quaisquer tipos de foguetes.

2 – Em todos os espaços rurais, durante o período crítico, a utilização de fogo-de-artifício ou outros artefactos pirotécnicos, que não os indicados no número anterior, está sujeita a autorização prévia da respectiva câmara municipal.

3 – O pedido de autorização referido no número anterior deve ser solicitado com pelo menos 15 dias de antecedência.

4 – Durante o período crítico, as acções de fumigação ou desinfestação em apiários não são permitidas, excepto se os fumigadores estiverem equipados com dispositivos de retenção de faúlhas.

5 – Nos espaços florestais, durante o período crítico, não é permitido fumar ou fazer lume de qualquer tipo no seu interior ou nas vias que os delimitam ou os atravessam.

6 – Fora do período crítico e desde que se verifique o índice de risco temporal de incêndio de níveis muito elevado e máximo mantêm-se as restrições referidas nos n.os 1, 2 e 4.

7 – Exceptuam-se do disposto nos números anteriores a realização de contrafogos decorrentes das acções de combate aos incêndios florestais.

Em 2005 foi assim:

Artigo do Público:

Foguetes animam festas, enquanto fogos alastram
Por Celeste Pereira
23/8/2005

“Uma situação que continua a verificar-se com regularidade – o lançamento de foguetes ou fogo-de-artíficio -, numa altura em que o país se vê confrontado com centenas de incêndios, com as consequências conhecidas.

“Em Gondomar, o presidente da câmara estava na festa. Foi lançado o fogo-de-artifício e, minutos depois, deflagrou um incêndio nas proximidades. Estivemos lá mais de 12 horas, o fogo só foi circunscrito pelas 22h, e depois ainda demorou até ter sido extinto. É uma vergonha que continuem a brincar com a vida de todos nós”, disse ao PÚBLICO um bombeiro que esteve no combate ao incêndio, que chegou a obrigar ao corte da marginal na Foz do Douro.

Este, no entanto, não é caso único. No passado fim-de-semana, também cerca de 15 minutos de fogo-de-artifício fizeram a delícia de centenas de pessoas em Angeja, a poucos quilómetros de Aveiro. Numa altura, claro, em que o distrito permanecia em alerta máximo e onde o risco de incêndio era elevado.

Outro exemplo paradigmático aconteceu a semana passada, em Vila Real.

O violento incêndio que desde domingo à noite lavrava no Parque Natural do Alvão estava no seu auge – havia inclusive aldeias ameaçadas -, quando a escassos quilómetros, em Lordelo, disparou um pomposo fogo-de-artifício. Durante largos minutos, os foliões deliciaram-se com a beleza do espectáculo pirotécnico, quando, não muito longe, muitos bombeiros lutavam, no limiar das forças, tentando desviar as chamas das povoações.

O espectáculo pirotécnico de Lordelo constitui ainda um exemplo emblemático: chegou a estar programado para o dia anterior, mas, nesse dia, lavrava um incêndio nas proximidades e todos os meios de combate a fogos do distrito transmontano, bombeiros e viaturas, estavam ocupados com inúmeros fogos que deflagraram um pouco por todo o lado.

“Como é que se podia autorizar a deslocação de um carro de bombeiros para um arraial, quando tínhamos o distrito a arder?! O povo não iria perdoar uma coisa dessas. No distrito de Vila Real já tivemos a morte de dois cidadãos, um dos quais bombeiro, inúmeras casas ardidas, pessoas que ficaram sem nada… Não podemos andar a brincar aos incêndios. Bem basta a malvadez de quem os ateia!”, sustenta António Martinho, governador civil de Vila Real.aqui

 

Em 2010 pensa-se assim:

Artigo JN:

Romarias mantiveram foguetes apesar dos incêndios

2010-08-20

Ana Peixoto Fernandes

A freguesia do Soajo que foi assolada por um incêndio de sete dias, de 10 a 17 de Agosto, que destruiu cerca de quatro mil hectares de floresta e que chegou a colocar em risco dezenas de casa, viveu entretanto as sua festa maior (de 12 a 15) sem dispensar o fogo de artifício.

foto Alfredo cunha/Arquivo JN
Romarias mantiveram foguetes apesar dos incêndios

À semelhança desta vila serrana, cuja paisagem está agora reduzida a cinzas negras, toda a região do Alto Minho parece não dispensar os espectáculos pirotécnicos nas suas festas, apesar das recomendações das autoridades ligadas à Protecção Civil e aos bombeiros, para que em época de incêndios o fogo de artifício “seja restringido ao máximo”.

Isso mesmo confirmou ontem o Governador Civil do distrito de Viana do Castelo, Pita Guerreiro, que há dias viu as gentes do Soajo divididas entre a preocupação com as labaredas perto das casas e empenhadas em viver as suas tradicionais festividades, com tudo a que estão habituadas.

“Passei por acaso no Soajo e vi as pessoas com preocupação, mas ao mesmo tempo a montar as tendas e a fazer a festa. Isto faz parte da nossa cultura, as pessoas não abdicam de fazer a festa, mesmo às vezes estando de luto. Aquela população foi avassalada pelo fogo durante vários dias, passou momentos difíceis, mas mesmo assim não prescindiu de fazer a festa e, pelo que sei, de lançar fogo de artifício. Creio que o terão feito em condições de segurança”, declarou Pita Guerreiro, admitindo que este tipo de situação seja replicado um pouco por todas as freguesias e lugares da região durante o mês de Agosto, que no Alto Minho é sinónimo de festas e romarias.

“Admito que não abdiquem porque é de tradição e porque não há festa sem foguetes. É assim que o povo diz”, afirmou, sublinhando o cuidado que algumas organizações terão em realizar as sessões de fogo em condições de segurança máxima. “Algumas comissões de festas pedem e pagam a presença dos bombeiros com receio que o local não seja suficientemente seguro e que na sequência do lançamento do fogo possa haver qualquer incêndio”, frisou.

O comandante distrital da Protecção Civil de Viana do Castelo, Costeira Antunes confirmou ontem que, durante o período mais crítico dos incêndios na região, se verificaram situações em que “estavam em curso vários fogos e nessas localidades o fogo de artificio não desapareceu”, tendo uma delas sido na freguesia de Soajo, onde o grande incêndio recente “coincidiu com as festas”.

Costeira Antunes acrescentou que durante as reuniões tidas com as diversas autoridades por causa dos incêndios foram feitas “recomendações às câmaras para que o fogo de artifício fosse restringido ao máximo”, afirmando, contudo, desconhecer se estas foram tidas em conta pelos municípios e respectivas comissões de festas.

De acordo com a lei em vigor, é proibido em todos os espaços rurais, durante o período crítico – leia-se época oficial de fogos -, o “lançamento de foguetes, de balões com mecha acesa e qualquer tipo de fogo-de-artifício ou outros artefactos pirotécnicos não são permitidos, excepto quando não produzam recaída incandescente”.

Para o Governador Civil de Viana do Castelo restringir a pirotecnia nas festas além do que está estipulado pela legislação vigente seria impensável.  “Somos uma região de romarias e de festas e estar a fazer a proibição total do fogo não seria aceitável”, frisou Pita Guerreiro.