Incêndio na Portela do Homem

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Foi com um sentimento misto de tristeza e alegria que constatei “in loco” a acção do tão mediatizado incêndio no Gerês que lavrava no fim de semana passado na Portela do Homem, ameaçando a Mata de Albergaria. A minha tristeza não necessita explicações. Penso que é mais do que normal. Explico a minha “alegria”.

Pouco ou nada sei, para lá daquilo que é do domínio comum, relativamente a incêndios ou incêndios florestais, mais concretamente. Não me atrevo a explicar o que se terá passado com aquele fogo. A minha estupefacção prende-se com o facto de, vendo no terreno até onde chegaram as chamas, entender como os danos não foram maiores.

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Tentando perceber com mais precisão o que se terá passado na evolução e propagação, fiz algumas perguntas a amigos residentes em Lobios. Fiquei a saber que, desta vez, o vento foi o grande aliado dos bombeiros, contrariamente ao que costuma suceder.

Uma mudança de direcção do vento evitou que o fogo continuasse a sua progressão, quer no sentido Norte (fronteira) ou Poente (Mata de Albergaria). Terá sido?

Lixo…que se lixe!

Se pode, e consegue, levar uma embalagem cheia para um ambiente natural, também pode certamente trazê-la vazia na volta. Embalagens vazias pesam pouco – necessariamente menos que cheias – e provavelmente ocupam menos espaço na mochila do que quando cheias. Quanto ao peso…não se desculpe com o cansaço e a poupança de energias. Aprenda a diminuir a quantidade de lixo, deixando em casa as embalagens desnecessárias.

Queimar ou enterrar o lixo, não são soluções aceitáveis. Além dos perigos de incêndio, há determinado tipo de embalagens que não queimam completamente, passando então a constituir lixo queimado. Enterrando hoje, amanhã poderá estar descoberto por uma linha d’água, um deslocamento de terras ou por um animal, entre tantas outras coisas possíveis de o desenterrar.
Falando de animais e do nosso lixo, recordo que a possibilidade de ingestão de lixo por animais – e o lixo que por aí vemos está relacionado na maior parte das vezes com as refeições, o que o torna mais atractivo – não tão rara vezes quanto isso – pode causar grandes distúrbios e sofrimento, podendo mesmo ser causa de morte. Um animal selvagem, facilmente engole sofregamente um pedaço de plástico, papel metalizado, ou qualquer outra coisa que envolva comida ou contenha os seus odores. Basta que lhe sejam apetecíveis e as circunstâncias assim o proporcionem. Há tempos, embora possa parecer pouco agradável ou interessante registar em fotos, dirão alguns, tive oportunidade de comprovar isto mesmo. As fezes que observei continham na sua extremidade um pedaço de plástico (?). Cuidadosamente removi-o no sentido de, e da forma mais conveniente, me “certificar” da natureza do material e fotografar.

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Traga TODO o lixo consigo. Os pequenos lixos – que por serem pequenos não são menos lixo – tais como papéis de rebuçados ou chocolates, por exemplo, habitue-se a metê-los ao bolso. O mesmo digo para as beatas dos cigarritos fumados. E quanto tempo permanece um filtro de cigarro? Nada tenho contra fumadores, mas não tolero o gesto displicente de lançar ou esmagar a beata no chão. Não resvale na ideia de que, sendo tão pequenino, não vai sujar. Todo o lixo é lixo, grande ou pequeno!

Outra situação prende-se com o lixo dito biodegradável. Um lixo que até parece simpático. A casca de banana ou da laranja que tão bem nos soube, a juntar com um bocadinho do pão que, com muita pena nos caiu ao chão, mais as casquinhas do queijo que ficam para os passarinhos, podem ser nefastos às dietas de muitos dos animaizinhos que por ai andam, rastejam e voam.

Habitue-se a acondicionar o lixo para trazer de volta. O saquinho que serviu para levar, também deve dar para trazer. Experimente! E é grátis. Mas se o lixo abandonado me incomoda, mais me incomoda ver aqueles saquinhos muito bem arranjadinhos, encostados caprichosamente atrás de qualquer coisa. “Atrás de qualquer coisa” entenda-se como “do lado que se vê menos”. Esconder atrás de uma pedra, num buraco ou onde quer que seja, constitui uma solução tão ridícula quanto aqueles que a praticam. É preciso coragem para tal! Todo ensacadinho, arrumadinho, mas esquecido ali “inocentemente”. Fico preocupado e envergonhado ao mesmo tempo.
Preocupado porque, os que assim procedem, com condutas tão repugnantes em coisas tão simples e primárias, certamente procederão de igual modo desrespeitando outros princípios fundamentais enquanto andam por essas serras. Seria ingénuo ao acreditar que quem deixa um saco de lixo abandonado, se preocupa com o que quer que seja.
Envergonhado porque tenho concidadãos capazes de tais comportamentos. Comportamentos execráveis mais que demonstrativos de que, a sensibilidade e entendimento necessários para aceitação de valores e princípios universais, fica ainda muito aquém do aceitável.

Valeu-me a companhia!

hpim6557Que prazer caminhar à porta de casa com amigos assim. A minha motivação para a caminhada de hoje passou pelos amigos, não pelo trilho. A zona, embora a não tivesse visitado nos últimos 15-20 anos, é minha conhecida desde a infância. Foi bom recordar as primeiras experiências Outdoor daqueles tempos…ver como tudo se modifica aos nossos olhos, e se consolida como o sendo “sempre mesmo” nas nossas memórias e recordações. Saudosismo, evolução e envelhecimento foram ideias que giraram em carrossel no meu imaginário, como que uma dança de salão muito ordenada. Outra forma de nos vermos pequeninos perante a natureza…
Mas basta de lamechas. Foi muito agradável o tempo passado. Valeu-me a companhia!
O nevoeiro, que preguiçosamente se recusava a levantar, em nada perturbou o passeio. Quando cheguei ao local de encontro ainda pensei no ditado “Sta. Luzia de Touca, Chuva Certa. Muita ou Pouca”. Mas não. Não estava de “touca”.(1) Todo o vale e foz do Lima sofriam este fenómeno comum de uma névoa “térmica”, que, normalmente, se desvanece com o aquecimento matinal. Esperava-se um dia de sol e com as temperaturas altas dos últimos dias. E a névoa lá foi levantando à medida que o Sol se impunha, também preguiçosamente.
Distribuídos os folhetos informativos, gentilmente disponibilizados pelo grupo responsável pela homologação do trilho, Viana Trilhos – Grupo de Montanhismo de Viana do Castelo – ao qual agradeço e felicito, iniciamos o trilho. Lá fomos progredindo, sobretudo fascinados pelo facto do trilho se desenvolver precisamente sobre o “cano”.hpim6566
É  louvável a conservação do trilho face à praga de “mimosa” ou “austrálias”, que invadem a região. Interessante foi também reflectir sobre o “cano” e a “água”. O trabalho que ali está! O tempo gasto! A técnica! O saber ( hoje será melhor dizer o Know How! Muito mais moderno, não?), ali debaixo dos nossos pés, literalmente, como há gerações e gerações atrás. O tempo, que hoje se chama, “HORA+IVA”, era a coisa mais barata e abundante da época. As coisas, as obras, eram feitas porque eram necessárias e faziam falta, e respeitavam os materiais, as técnicas e a natureza. Hoje em dia são feitas porque respeitam um plano político e são convenientes às circunstâncias. Mas sempre foram feitas assim, não foram’? Foram pois. A diferença está no respeito pela natureza. Esse simples entendimento.
E a Natureza está-se marimbando para os políticos e para todos e quaisquer que a desafiem, consciente ou inconscientemente.
Mas basta de lamechas.  Foi muito agradável o tempo passado. Valeu-me a companhia!hpim6582
Terminado o cano, retornamos ao “urbano”.  Desta feita,  S. Mamede. O pagão, o laico,  o religioso, o cristão, fundem-se com arco-voltaico e eléctrodos próprios dos tempos actuais. Uma fusão muito singular que, sem deixar de ser progresso e evolução natural, são a descaracterização irreversível e o afastamento das tradições. Tradições, essas tão apregoadas e apanágio dos (duvidosos) promotores turísticos e operadores de turismo rural, que morrem às suas próprias mãos.
Mas basta de lamechas. Foi muito agradável o tempo passado. Valeu-me a companhia!
…e depois Almoçamos! com maiúscula, não é gralha, ou o corrector automático. Não! nada disso. Foi um almoço com “A” maiúsculo. A Cortesia do Paulo e do Mário como “Chefes”, a Simpatia anfitriã da Paula, a Mestria do escanção Rebelo coadjuvado pelo André…uhhhh. (é um UHHHH, quase erótico!) Que repasto. Não comparo com o Guia Michelin porque só vai até às três estrelas. Limite muito inferior para a situação. Soberbo! “NADA” foi a a única coisa que faltou.
E faltava a foto final. Tinha que ser em frente ao Templo! Fotógrafos? Não faltavam. Mais um casamento, matrimónio(?) ,estava a terminar naquele Templo. Fácil foi encontrar fotógrafo(a) e não ter que fazer as conhecidas figuras ridículas da foto de grupo!hpim6588
Valeu-me a companhia!

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(1) A “touca” de Sta. Luzia é a denominação popular, quando não se vê o Templo devido às nuvens baixas, no entanto sem o nevoeiro (névoa de carácter térmico essencialmente), típico do micro clima de Viana do Castelo.

O mural e a moral

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Pode ver-se implantado na parte superior do rochedo uma argola metálica. Não percebo rigorosamente nada de escalada e dos seus materiais, mas parece ser uma dessas ferragens para passar cordas utilizadas em escalada. Não pude observá-la de muito perto motivo pelo qual nada posso dizer relativamente ao modo de fixação e qual a sua finalidade. Possivelmente esta pedra e a parede que forma sobre a encosta, já foram exploradas e serviram de palco a algumas actividades. Até aqui tudo bem. Mas…

Outra actividade para a qual infelizmente o rochedo serviu, foi a pintura mural executada por gente de moral duvidosa!

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Visto ao longe

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Foi na mesma manhã em que pela 1ª vez visualizei esta representação de serpente, que resolvi descer até ao povoado e tentar obter diferentes perspectivas daquela rocha. Talvez com outro enquadramento, visto ao longe, pudesse ter uma outra leitura, levantar possíveis pistas para uma interpretação mais contextualizada.   Esta é a vista que se tem ao contemplar o rochedo desde o final do vale do rio Vilameá, na mesma zona percorrida pelo trilho marcado “Ruta dos Moiños – Vilameá”.

Estava um céu encoberto com nuvens baixas e algum nevoeiro que, e sobretudo naquela altura – pós-descoberta – assumiam um ar ainda mais fantasmagórico.

É evidente a proeminência do rochedo, mais a mais se tivermos em conta a elevação de terreno onde se encontra. No entanto, a representação encontra-se na face oposta.

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Ofiolatria

Após a visualização da maioria das fotografias feitas pelos companheiros da última caminhada às Minas Sombras… e Mais Além promovida pelo Rui Barbosa, verifico com alguma surpresa que a serpente foi motivo de registo e até algum destaque nas selecções fotográficas que tive oportunidade de ver até agora.

Como já referi em entrada anterior neste blogue, foi com algum entusiasmo e satisfação pessoal que, após inúmeras passagens por esse mesmo local, uma manhã reparei  na representação de dita serpente. Nunca encontrei nas inúmeras páginas de Internet que referenciam as Minas das Sombras, o seu trilho ou a Ermida de Nossa Sr.ª do Xurés, alguma foto ou referência ao local.  Desde esse momento que tenho procurado, essencialmente na Internet, informação sobre este facto. Pouco a pouco, variando as entradas na pesquisa, muitos “sites” abordam a representação de cobras ou serpentes ao longo dos tempos, as suas possíveis interpretações, as lendas, enfim, em duas palavras, O Mito e Culto.

hpim5828Sem qualquer pretensão em elevar o tema, até porque sou perfeitamente leigo na matéria em causa, partilho aqui algumas das informações que encontrei e que estão correlacionadas com o assunto. Antes de tudo, e por não ter conhecimentos para tal, não sei contextualizar com o mínimo rigor no tempo nem, como disse, não encontrei informação específica para tal. Contextualizar no espaço? Ah! Isso foi de imediato. A pedra – o penedo se faz favor – já ali está há muito! E o sítio é aquele, inquestionavelmente. O trilho?  Certamente que sim.  Já ali estará h+a  muito também. No entanto, acredito que não terá sido sempre este, muito menos com as actuais características.

Nos primeiros tempos, logo  após ter visto esta pedra com “outros” olhos, até porque até ali, talvez negativamente influenciado pelo graffiti gratuito e de muito mau gosto, e  que suporta desde 2004 (bendito granito que absorve; maldita tinta que permanece), nunca olhei este penedo com olhos de ver. Desde então,  procurei obter informações directamente junto dos habitantes de Vilameá julgando ser assunto mais que conhecido, alimentado por lendas e contos do mais profundo do imaginário popular. Errado estava eu. O que obtive resume-se, grosso modo, a “não conheço…isso são coisas dos antigosofiolatria

excerto de um texto de A Augusto Tavares

E assim é . São coisas dos antigos, diz o povo! E o Povo tem sempre razão.

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Só como sugestão…

Prometo voltar ao tema.