Entre Antenas

Quando il gioco si fa duro… I duri scendano in campo.

Era assim que o ele começava as coisas , quando as coisas ficavam “complicadas”. E foi o que aconteceu!

Depois de uma tentativa não conseguida e de uma ameaça com pouca convicção, as antenas apareceram à nosssa frente. hpim5857Foi assim:

–  depois de ter tentado abordar o alto de Stª Eufémia, na serra do mesmo nome, partindo de Padrendo e, algures depois da Costa do Santo, percorrer o velho trilho assinalado nas cartas militares – inclusive nas mais recentes, mesmo na cartografia portuguesa-  e não o ter conseguido devido à grande quantidade de mato e vegetação nessa zona;

– depois de ter procurado nas cartas disponíveis as alternativas possíveis, e todas elas parecerem pouco convenientes/convincentes;

– depois disso (!) , rendemos-nos ao estradão!

Refiro-me ao estradão que se  inicia antes de chegar à fronteira da Portela do Homem, e está assinalado como – “Retransmissor de St.ª Eufémia

Em boa hora o fizemos.

E eu que não gosto nada de andar por estradões!!! A menos da névoa, que encurtava o já longo alcance visual e “embaciaria” a maior parte das fotos, (com equipamento rudimentar! Uns filtros e lentes “furavam” a neblina facilmente, mesmo com as digitais, digo eu) tudo se conjugava para um a boa caminhada. Parece-me que o  percurso efectuado, em dias de Sol e calor, deve ser extremamente penoso.  A paisagem compensa tudo, como habitualmente.hpim5921

A possibilidade de ver toda a zona denominada “entre antenas”, torna o percurso ainda mais agradável. Ao mesmo tempo podemos contemplar toda a paisagem dos cumes desde a Nevosa – Altar de Cabrões até à cumeada da Encosta do Sol, com o Gerês nacional e parte da Serra Amarela como pano de fundo ( a menos da neblina, raio!), ainda com bastante neve nos picos mais altos.

Tantas Sombras…

O trilho das Minas das Sombras, assim como a zona envolvente, não diria que são a zona preferida, mas que por força das circunstâncias, são a zona mais frequentada nas nossas caminhadas. Caminhar tornou-se um hábito. Não naquele sentido dos “profissionais da montanha” que, vestidos a rigor, equipados com toda a tecnologia – a dispensável e a indispensável – se vão auto-flagelando e cantando feitos, batem records, sejam lá eles quais forem. Uma coisa mais ligeira, talvez menos radical mas mais enraizada.hpim4867

Caminhar, para lá do excelente exercício físico reconhecido por todos – sobretudo pelos não praticantes – é um dos poucos momentos onde esquecer-me de tudo, excepto do caminho e da sua envolvência, é extremamente fácil e nada constrangedor. Sem qualquer outro sentimento que não seja o de Liberdade, ainda que só experimentado por algumas horas, o deixar-me levar –  literalmente – pelas pernas, é de tal forma compensador que de imediato despoleta uma imensa alegria por ali estar, uma ligeira tristeza por ter terminado e uma enorme vontade de voltar depressa. Vale por isso mesmo, muito mais do que o caminho só por si, seja ele qual for. E ainda não encontrei caminhos feios. O trilho vale pelos momentos que lá passamos, aquilo que lá vivemos, o que vimos e o que sonhamos.

Dispondo de relativamente pouco tempo para nos ausentarmos de casa, e dada a nossa localização, uma das zonas preferenciais até pelo tempo de acesso e  proximidade,  é a zona de Lobios,  no Parque Natural da Baixa-Limia – Galiza, zona a norte da correspondente área do PNPG da Portela do Homem e para lá do vale do Alto Homem até à Nevosa.

O trilho  percorre todo o vale do rio Vilameá, cruza um estradão e continua até às Minas. São cerca de 8 km para cada lado, dependendo obviamente do local de início. A partir da Ponte de Paredes (600m), todo o percurso é a subir até aos cerca de 1200 m nas Minas.

Fazer o mesmo trilho tantas vezes? Pois é. Um trilho nunca é igual nem sempre o mesmo ainda que o caminho feito seja rigorosamente o mesmo. Tal como ir ao mesmo café todos os dias. Virar a mesma esquina, fazer a mesma praceta de sempre. E todos os dias é diferente. Passamos pelas mesmas casas de sempre como passamos pelas mesmas árvores  de sempre. E é sempre diferente.  Passamos com sol e com chuva. E é diferente. Passamos no Verão e passamos no Inverno. E é diferente. Talvez por isso, talvez por ser sempre diferente, talvez porque lhe queira adivinhar as diferenças, voltarei lá. Mais uma vez…

A tradição da evolução

Caminhar por essas Serras dá-me oportunidade (e o gozo) de reflectir sobre algumas das “coisas” que se me deparam.  Não porque não possam acontecer em qualquer outro sitio. Mas porque em locais assim, assumem outra dimensão e intensidade. Digo “coisas” propositadamente. Não encontro vocábulo para designar aquilo a que me refiro. São tão variadas as formas como algumas “coisas” me fazem pensar, tão variado o modo como são despoletados tais tipo de pensamentos, que não chego a entender tal mecanismo.

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Um destes Sábados (re)fazendo um trilho no Xures, um destes trilhos ou rutas assinalados num desses prospectos turísticos, deliciei-me. O maior interesse deste trilho, foi (e é!, pois ainda lá está) contactar e percorrer uma zona muito habitada. Poderá parecer estranho, mas foi mesmo isso. Caminhar paredes meias com a orla dos povoados.

O percurso assinalado num total de 7 Km,  aproxima-se de 3 povoados. A proximidade e natural actividade do Homem são uma constante ao longo do percurso, mas  no entanto, parece que quando  o regresso aos primórdios civilizacionais está algures tão patente,  rápida e facilmente tudo se reveste de algo surrealista. Tão depressa nos parece estarmos a anos luz da Era do Plástico e do Cimento Portland, Reis e Senhores do séc. XX, como, num ápice, ficamos – eu fico! – transportado para não sei onde. Um sitio que não existe, ou pelo menos, não devia existir!. Discutir a sua legitimidade? Para quê? Eles estão ali, legitimados pela sua presença/existência. Perguntar porquê? Isso sim. Isso já dá pano para mangas. O abandono, ou a presença tem os seus efeitos. Resta-nos escolher. hpim5726E um espigueiro, pode ser em betão. porque houve a necessidade de fazer um espigueiro. E já não havia (nem há) canteiros. E já não havia tempo paro o fazer como “antigamente”. E já não havia conhecimento para o fazer. E se quisermos ir um bocadinho mais longe, porque já não haveria necessidade de fazer um espigueiro. Um Espigueiro como eram todos os espigueiros. Uma adega como eram todas as adegas. Uma casa como eram todas as casas.

E não será isso legítimo só por si? Não será legitimo que um dia Um qualquer, cheio da maior das vontades, faça o que lhe dá na real gana, ainda por cima na terra que é dele? Não será também legítimo que se abandone aquilo que deixa de servir,  aquilo que deixa, evoluindo naturalmente, de servir?hpim5731 Quando digo evoluindo naturalmente, quero dizer, evoluindo. Só. Evoluindo com os materiais de construção e com as tecnologias. Evoluindo com os saberes adquiridos e perdidos. Com as politicas e com os credos religiosos.  Com as culturas! As Culturas feitas de necessidades e ao mesmo tempo e recursos.

Com as experiências adquiridas e que são  legado cultural, mas também com a capacidade exploratória  e de improviso. Sempre se souberam remediar. Adaptando o que tinham para aquilo que fazia falta…evoluindo!

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